Fruticultura e Horticultura

Cepea aponta 2025 desafiador para frutas e hortaliças, com preços em queda e margens apertadas, mas exportações resistem

Produção elevada e margens pressionadas marcam o desempenho do setor hortifrutícola


Publicado em: 18/12/2025 às 11:35hs

Cepea aponta 2025 desafiador para frutas e hortaliças, com preços em queda e margens apertadas, mas exportações resistem

O Anuário Hortifruti Brasil 2025-2026, publicado pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) da Esalq/USP, revela que o setor de frutas e hortaliças enfrentou um ano de alta oferta, queda de preços e margens comprimidas, cenário que exigiu cautela e foco em eficiência por parte dos produtores.

De acordo com o levantamento, o segmento de frutas registrou crescimento moderado de área em 2025, com investimentos mais seletivos. As incertezas climáticas e comerciais, somadas ao tarifaço norte-americano, limitaram a expansão e levaram produtores a priorizar inovações tecnológicas e renovação de pomares em vez de ampliar áreas cultivadas.

No caso das hortaliças, houve retração da área plantada após o avanço observado em 2024. A alta dos custos de produção e a pressão sobre as margens desestimularam novos investimentos. Mesmo assim, o clima favorável e o uso crescente de tecnologia impulsionaram a produtividade, resultando em excesso de oferta e queda acentuada nos preços, o que comprometeu a rentabilidade de muitos produtores.

Exportações mostram resiliência mesmo com barreiras comerciais

Apesar do cenário desafiador, as exportações brasileiras de frutas em 2025 surpreenderam pela resiliência. Mesmo com as restrições impostas pelos Estados Unidos, o Brasil manteve volumes consistentes de embarques, com destaque para manga, melão, melancia, mamão e banana, que ampliaram a presença no mercado europeu e, em alguns casos, mantiveram o acesso ao mercado norte-americano.

As margens das exportações, porém, ficaram mais estreitas, impactadas pelos custos logísticos e pela pressão tarifária. A uva foi a fruta mais prejudicada, com queda nos embarques para os EUA e redirecionamento para mercados alternativos do Mercosul, geralmente com preços menores.

Mesmo com esses desafios, o Cepea projeta que o setor hortifrutícola encerre 2025 com estabilidade ou leve crescimento, mantendo o papel de destaque do Brasil nas exportações agrícolas.

Clima neutro, mas com impactos regionais distintos

O Cepea destaca que 2025 foi um ano de neutralidade climática, sem a influência direta de fenômenos como El Niño ou La Niña. Ainda assim, as condições variaram entre as regiões:

  • Rio Grande do Sul: chuvas acima da média favoreceram parte das culturas, mas também aumentaram o risco de perdas por excesso de umidade;
  • Nordeste: seca mais severa, especialmente na Bahia e no Semiárido, prejudicou diversas produções;
  • Centro-Sul: o retorno das chuvas na primavera ajudou a recompor a umidade do solo e normalizar o desenvolvimento das lavouras.

Essas diferenças regionais reforçaram a importância da gestão de risco climático e do planejamento produtivo para 2026.

Economia com crescimento moderado limita investimentos no campo

O estudo também analisa o ambiente macroeconômico, destacando que a economia brasileira cresceu de forma moderada em 2025, em um cenário de juros elevados, consumo contido e endividamento das famílias.

As altas taxas de juros dificultaram o acesso ao crédito, restringindo a capacidade de investimento de empresas e produtores rurais — especialmente entre pequenos e médios. Segundo o Cepea, 2025 foi um ano de “economia com freios puxados”, no qual o campo se manteve em alerta, priorizando eficiência, controle de custos e estratégias mais conservadoras de produção.

Perspectivas para 2026: ajuste de oferta e otimismo moderado

Para 2026, o Cepea projeta um cenário de retomada gradual, com maior equilíbrio entre oferta e demanda e recuperação parcial das margens. Entre os principais direcionadores para o próximo ciclo, o anuário destaca:

  • Oferta ajustada e preços mais firmes, com áreas de cultivo menores;
  • Ambiente externo mais favorável às exportações, com a redução de sobretaxas sobre produtos como manga e sucos;
  • Produtores mais tecnificados e estratégicos, com foco em eficiência e mitigação de riscos;
  • Varejo mais estável, com aumento do consumo de produtos de maior valor agregado;
  • Gestão climática aprimorada, diante da variabilidade esperada nas condições meteorológicas.

Fonte: Portal do Agronegócio

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