Fruticultura e Horticultura

Cacau registra queda de 10% e Hedgepoint projeta tendências para novo ciclo

Mercado global de cacau reage a fatores climáticos, políticas comerciais e demanda nos EUA e Europa; safra 2025/26 indica possível superávit


Publicado em: 09/10/2025 às 10:40hs

Cacau registra queda de 10% e Hedgepoint projeta tendências para novo ciclo
Preços do cacau recuam após menor patamar em um ano

Os contratos futuros de cacau mais próximos enceram a semana de 3 de outubro a 6.190 USD/t em Nova York e 4.288 GBP/t em Londres, acumulando queda superior a 10%. Segundo a Hedgepoint Global Markets, a correção é resultado de ajustes técnicos, aumento da oferta e mudanças nos preços pagos ao produtor em Gana e na Costa do Marfim.

“O posicionamento cauteloso dos fundos reflete a incerteza macroeconômica, enquanto os ajustes nos preços aos produtores estimularam entregas mais rápidas e pressionaram o mercado”, explica Carolina França, analista da Hedgepoint.

Cenário macroeconômico e política monetária

Nos Estados Unidos, a combinação de tarifas comerciais e desaceleração do mercado de trabalho levou o Federal Reserve a cortar juros em setembro, com possibilidade de novos ajustes ainda este ano. A medida impacta a demanda doméstica e influencia moedas, refletindo nos preços das commodities.

Na Europa, o BCE manteve as taxas estáveis, mas fatores como tarifas dos EUA, pressão fiscal na Alemanha e incerteza política na França continuam a influenciar o mercado de cacau.

Importações dos EUA sustentam demanda

Apesar do aumento recente nos preços, os EUA registraram crescimento de quase 70% nas importações líquidas de cacau, retornando a níveis próximos da média histórica.

Entre janeiro e julho de 2025, o Equador respondeu por 30% das amêndoas importadas, frente a uma média de 13% nos últimos cinco anos. A participação de Costa do Marfim e Gana diminuiu, refletindo mudanças na oferta e potencial impacto de isenções tarifárias negociadas com parceiros comerciais.

O crescimento da manteiga de cacau nas importações de 15% para 20% e a queda do pó de 17% para 15% indicam ajustes nos fluxos comerciais devido ao aumento de preços dos subprodutos.

União Europeia registra menor ritmo de importações

No bloco europeu, o acúmulo líquido ainda está 5% abaixo do ano anterior, mas a diferença vem diminuindo. A preferência por amêndoas africanas de maior qualidade mantém o preço elevado.

Os dados de moagem do segundo trimestre confirmam retração em todas as regiões, sendo a Europa a mais afetada, enquanto os EUA mostram maior resiliência.

Safra 2025/26: clima e oferta sob atenção

As projeções iniciais indicam possível superávit, condicionado a um regime hídrico equilibrado. O NOAA/CPC prevê 71% de probabilidade de La Niña entre outubro e dezembro, aumentando a umidade na África Ocidental e reduzindo risco de estresse hídrico.

No entanto, o fenômeno pode influenciar os ventos Harmattan, afetando o desenvolvimento dos frutos, enquanto no Equador a redução de chuvas no início da estação pode exigir atenção à umidade do solo.

Para a safra 2024/25, chuvas abaixo da média foram parcialmente compensadas, permitindo maior sobrevivência dos frutos. Já para 2025/26, estima-se superávit de aproximadamente 360 mil toneladas, impulsionado pelo aumento da produção no Equador e perspectiva de menor moagem.

“O equilíbrio global entre oferta e demanda ainda é estreito, mantendo alta volatilidade e sensibilidade a dados climáticos e comerciais”, ressalta Carolina França.

Fonte: Portal do Agronegócio

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