Publicado em: 09/06/2025 às 09:30hs
A cotação internacional do cacau superou os 10 mil dólares por tonelada em 2024, reacendendo o interesse global pela cultura. No Brasil, o cenário favorável representa uma oportunidade estratégica para recuperar o protagonismo mundial na produção do grão — posição que o país ocupou entre as décadas de 1930 e 1980, especialmente no sul da Bahia. O diferencial atual está no uso de tecnologia de ponta, com destaque para a irrigação por gotejamento.
Segundo o engenheiro agrônomo e conselheiro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), Celso Moretti, ex-presidente da Embrapa, empresas estão investindo mais de US$ 300 milhões em projetos de cacau no cerrado do Oeste baiano. A nova abordagem alia inovação e sustentabilidade, com práticas modernas que incluem irrigação, fertilização controlada e maior densidade de plantio.
“O modelo prevê até 1.600 plantas por hectare — cinco vezes mais que os métodos tradicionais. Já existem áreas produzindo 3 toneladas por hectare, o que é seis vezes superior à média da Costa do Marfim, atual líder mundial”, destaca Moretti.
A tecnologia de irrigação por gotejamento tem papel central neste novo momento da cacauicultura brasileira. De acordo com Michele Silva, diretora de marketing da Netafim — empresa líder global em irrigação —, o sistema garante controle total sobre o fornecimento de água e nutrientes, aumentando a qualidade e a uniformidade da produção.
“A irrigação garante regularidade produtiva e alta eficiência no uso dos recursos, sobretudo da água. Todo esse novo modelo de cultivo está sendo estruturado com base nesse tipo de tecnologia”, afirma Michele.
Com presença de 30 anos no país, a Netafim prevê crescimento de 20% em 2025 e tem direcionado esforços específicos para a cacauicultura. A empresa anunciou investimentos de R$ 30 milhões em infraestrutura, logística e inovação voltados à cultura do cacau.
Além dos ganhos de produtividade, a irrigação também proporciona benefícios ambientais e sociais. “O uso racional da água e a possibilidade de produzir mais em menos área contribuem para a conservação ambiental e para o fortalecimento das economias regionais. Trata-se de uma produção mais inteligente, eficiente e inclusiva”, ressalta Michele.
Para Celso Moretti, o avanço da cacauicultura irrigada é também uma oportunidade de reconectar o Brasil com seu legado histórico. “Reerguer essa cultura milenar é uma chance de resgatar conhecimentos, fortalecer economias locais e recontar uma história que parecia ter sido interrompida pela praga de um fungo”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
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