Fruticultura e Horticultura

Brasil amplia protagonismo na olivicultura e busca tornar-se membro pleno do Conselho Oleícola Internacional

Presidente do Ibraoliva destaca avanços na qualidade do azeite nacional, desafios climáticos e metas de crescimento da produção


Publicado em: 31/10/2025 às 10:35hs

Brasil amplia protagonismo na olivicultura e busca tornar-se membro pleno do Conselho Oleícola Internacional
Foto: Nestor Tipa Júnio

O Brasil vem consolidando seu papel de destaque no cenário mundial da olivicultura. Durante o 65º Encontro do Comitê Consultivo do Conselho Oleícola Internacional (COI), realizado em Madri, na Espanha, o presidente do Instituto Brasileiro de Olivicultura (Ibraoliva), Flávio Obino Filho, destacou, em pronunciamento por vídeo, os avanços do país na produção de azeite extravirgem, os desafios enfrentados e os planos para que o Brasil se torne membro pleno do COI.

Avanços na promoção e na qualidade do azeite brasileiro

Obino iniciou sua fala agradecendo ao COI pela promoção do consumo de azeite no Brasil, destacando a importância das campanhas conduzidas pelos diretores Jaime Lillo, Abderrraouf Laajimi e Maria Juarez. O Ibraoliva representa 550 produtores nacionais de azeitonas e azeite extravirgem, e vem atuando de forma intensa na qualificação do setor.

O dirigente recordou as ações realizadas em diferentes regiões produtoras — como o Rio Grande do Sul e a Região da Mantiqueira, que abrange áreas de São Paulo e Minas Gerais —, onde têm sido promovidas avaliações sensoriais e workshops com produtores, varejistas e restauradores. Segundo ele, essas iniciativas fortalecem a credibilidade do azeite nacional e ajudam os consumidores a identificar produtos realmente extravirgens.

“Qualidade gera qualidade. As análises sensoriais são fundamentais para educar o consumidor e valorizar o azeite brasileiro”, afirmou Obino.

Inclusão de pequenos produtores e valorização da produção nacional

Um dos pontos defendidos por Obino foi a democratização do Concurso Mário Solinas, principal premiação internacional do setor. O Brasil, junto ao Uruguai, propôs a redução do volume mínimo exigido para 500 litros, permitindo a participação de pequenos produtores.

Contudo, o presidente do Ibraoliva destacou que é preciso manter as mesmas categorias de premiação para todos, independentemente da escala de produção. “A qualidade está, principalmente, nos pequenos produtores. Precisamos incentivá-los a continuar buscando a excelência”, afirmou.

Ele acredita que, com a adoção das mudanças sugeridas, o número de participantes brasileiros no concurso pode triplicar em 2026, chegando a 10, 15 ou até 20 produtores inscritos, frente aos quatro que participaram neste ano.

Combate à fraude e crescimento do consumo no país

Durante o discurso, Obino também abordou o avanço na fiscalização da rotulagem dos azeites importados. Há alguns anos, 95% dos produtos analisados pelo Ministério da Agricultura apresentavam defeitos e não poderiam ser classificados como extravirgens. Hoje, esse índice caiu para 57%, o que demonstra melhora, mas ainda exige atenção.

Segundo ele, o combate à fraude e a educação do consumidor têm sido fundamentais para o amadurecimento do mercado nacional. Mesmo com o aumento dos preços dos azeites importados devido à escassez de produção global, o consumo no Brasil continua crescendo.

“O consumidor brasileiro está aprendendo a valorizar a qualidade. É possível que, até o fim da década, o consumo per capita de azeite dobre no país”, projetou.

Atualmente, apenas 1% do azeite consumido no Brasil é produzido internamente, o que representa uma oportunidade de expansão para o setor.

Desafios climáticos e perspectivas para 2026

O presidente do Ibraoliva destacou que, nos últimos dois anos, a produção nacional caiu 70% devido às chuvas excessivas no Sul e à falta de precipitação na Mantiqueira. Apesar disso, ele afirmou que a qualidade dos azeites brasileiros é reconhecida internacionalmente.

“O diretor do COI, Jaime Lillo, afirmou que nem na Toscana encontrou azeites com a qualidade média dos produzidos no Rio Grande do Sul. Isso mostra o potencial do Brasil”, celebrou Obino.

Para o dirigente, o maior desafio agora é garantir estabilidade na produção de azeitonas. Por isso, o foco está voltado à pesquisa e ao intercâmbio técnico. Em dezembro, Brasil e Uruguai promoverão um seminário binacional sobre olivicultura, com apoio do COI.

Obino acredita que, com as condições climáticas favoráveis em 2025, o país pode alcançar uma produção recorde em 2026, estimada entre 700 mil e 1 milhão de litros de azeite — cerca de três vezes mais que em 2024.

Brasil quer integrar oficialmente o Conselho Oleícola Internacional

Encerrando sua participação, Obino reafirmou o compromisso do Ibraoliva em fortalecer a representatividade do Brasil no cenário mundial da olivicultura e destacou que o país busca se tornar membro pleno do COI.

“Não pouparemos esforços para atingir essa meta. Queremos que o Brasil se sente à mesa como membro pleno em um futuro próximo. Fazemos parte desta grande família do azeite”, concluiu.

Fonte: Portal do Agronegócio

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