Publicado em: 01/10/2024 às 10:00hs
A Aliança Global contra o Fusarium R4T, formada por importantes atores do setor bananeiro, recebeu significativo apoio do Banco Mundial, uma das principais fontes de financiamento para países em desenvolvimento. A iniciativa visa conter o avanço da doença que ameaça a produção de banana e, consequentemente, a segurança alimentar e a renda de milhões de pequenos agricultores ao redor do mundo.
Durante uma reunião de trabalho no escritório do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) no Panamá, o Comitê Executivo da Aliança se reuniu com representantes do Banco Mundial e da Corporação Financeira Internacional (IFC). Na ocasião, foi apresentada uma análise detalhada sobre o impacto global da doença e os esforços conjuntos já realizados pela Aliança. As instituições financeiras sugeriram formas de apoiar as ações em andamento.
O Fusarium R4T, uma variante tropical do fungo que afeta bananeiras, é considerado a maior ameaça à cultura em mais de meio século. A doença, para a qual ainda não há tratamento eficaz, coloca em risco não apenas a produção da fruta, mas também a subsistência de comunidades vulneráveis que dependem da banana como fonte essencial de calorias. Originada na Ásia, a doença já foi detectada em três países da América Latina: Colômbia, Peru e Venezuela.
Além de associações de produtores e empresas ligadas à cadeia produtiva da banana, o encontro contou com a participação de pesquisadores de instituições renomadas, como a Universidade de Queensland, na Austrália, e a Universidade de Wageningen, nos Países Baixos. Também estiveram presentes representantes de empresas como Bayer e Fyffes, além de entidades como a Corporação Bananeira Nacional (CORBANA), da Costa Rica, e a Associação de Exportadores de Banana do Equador (AEBE). Na abertura, uma mensagem do Ministro do Desenvolvimento Agrícola do Panamá, Roberto Linares, destacou a importância econômica e social do cultivo da banana para o país e toda a região.
A Aliança, criada em 2021 pelo IICA, coordena ações globais para combater o Fusarium R4T. Gabriel Rodríguez, Secretário Executivo da Aliança, relatou que a reunião foi altamente produtiva, e que o Banco Mundial demonstrou disposição em apoiar os projetos da iniciativa. Segundo ele, há a possibilidade concreta de iniciar um projeto piloto no Equador, maior exportador mundial de bananas.
Esse projeto deve incluir o desenvolvimento de variedades resistentes ao fungo, além de capacitação e suporte a pequenos produtores, implementação de sistemas de biossegurança nas unidades de produção e pesquisas focadas na sanidade vegetal. O apoio do Banco Mundial, segundo Rodríguez, reflete a confiança no trabalho desenvolvido pela Aliança, que reúne todos os principais atores do setor.
Manuel Otero, Diretor-Geral do IICA, também destacou a gravidade da situação e a necessidade de ação coletiva. "A doença representa uma séria ameaça à viabilidade do setor bananeiro e, sem uma resposta coordenada, continuará a se espalhar, pois o fungo é extremamente resistente. O futuro de milhões de pequenos produtores está em jogo", alertou Otero.
Christopher Ian Brett, Especialista-Chefe em Agricultura do Banco Mundial, ressaltou o comprometimento da instituição com o setor agrícola, informando que, em 2023, o Banco Mundial destinou US$ 4 bilhões a 247 projetos agrícolas. Entre as iniciativas, destacam-se o apoio a pequenos produtores e cooperativas em Honduras e Jamaica, o incentivo à produção agroalimentar na Argentina e o suporte à formulação de políticas públicas no Brasil.
Até o momento, a Aliança Global contra o Fusarium R4T obteve avanços importantes em quatro frentes de trabalho: prevenção e capacitação, desenvolvimento genético de variedades resistentes, métodos de controle e apoio político. Informações e experiências compartilhadas pelos membros têm impulsionado o combate à doença, com destaque para pesquisas genéticas que buscam identificar os genes responsáveis pela resistência ao fungo, além do desenvolvimento de métodos de produção mais inovadores, como o uso de fungicidas e técnicas de fertilização do solo.
Cerca de 300 agricultores já foram capacitados em prevenção no Paraguai, Equador e Colômbia, e mais de 500 participaram de treinamentos virtuais. Gert Kema, professor de fitopatologia tropical da Universidade de Wageningen, apresentou os avanços científicos da pesquisa, reforçando a importância da colaboração internacional para enfrentar essa ameaça global.
Fonte: Portal do Agronegócio
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