Publicado em: 10/06/2014 às 15:10hs
O manejo integrado de pragas foi abordado em dia de campo, promovido pela Conabran (Confederação Nacional dos Produtores de Banana), no município de Montes Claros (Norte de Minas). O evento contou com a participação de agricultores do Vale do Ribeira (SP) e do norte de Santa Catarina, áreas que se destacam na produção da fruta no país.
O encontro contou com aproximadamente 50 participantes, reunindo também técnicos e produtores de banana do Norte de Minas. Na oportunidade, os agricultores também aproveitaram para se unir na lutar contra um fantasma que assusta a categoria: a possibilidade de importação da banana do Equador.
“Os agricultores do Vale do Ribeira e de Santa Catarina vieram aqui para conhecer e discutir as novas tecnologias e o uso de produtos biológicos para o combate das doenças dos bananais, como o mal do Panamá. Também viram de perto como é feito o uso racional da água, o que garante uma produção sustentável”, afirmou o presidente da Conaban, Dirceu Colares Moreira, que recepcionou os visitantes na Fazenda Lagoão, de propriedade dele, que conta com 80 hectares plantados da cultura, sendo 75 hectares da variedade prata anã. Por causa da irrigação e dos bons tratos culturais, ele consegue uma produtividade elevada: de 38 toneladas por hectare.
Os visitantes percorreram os bananais e viram de perto como é feito o controle biológico de pragas e de doenças e o sistema de irrigação. Também conheceram variedades mais resistentes a doenças e o modelo de gestão da fazenda, que possibilita melhor remuneração aos trabalhadores, de acordo com a produtividade. A propriedade conta com 35 funcionários.
O técnico Jurder de Oliveira, que cuida do monitoramento dos bananais da fazenda, diz que os plantios são divididos em lotes que têm, em média, entre 12 e 14 hectares. Cada um conta com quatro trabalhadores responsáveis, que recebem pagamentos adicionais pelo aumento da produtividade e pela qualidade da fruta.
O dia de campo contou com a participação do engenheiro-agrônomo e pesquisador Giltemberg Tavares, de Itabuna (BA), que desenvolveu estudos e fabrica produtos naturais, a base de fungos, usados no controle biológico de pragas. Ele criou o Bovebio, a base Beauveria bassiana, fungo que ataca insetos e parasitas, para o combate do chamado moleque da bananeira, (Cosmopolitus sordidus), praga que atua no tronco da planta. Tavares também fabrica o Trichonemate, a base de fungo (Trichoderma longibrachiatum), usado no combate ao mal do Panamá, também provocada por um fungo (Fusarium oxysporium), que ataca a raiz da bananeira. O agrônomo disse que o produto natural garante 95% do controle da doença, por um custo de R$ 280 por hectare.
Lucas Trevisan, produtor de banana em Corupá, Norte de Santa Catarina, foi um dos participantes do dia de campo sobre a adoção de novas tecnologias e o manejo biológico de pragas na Fazenda Lagoão. Ele destacou a importância do uso de produtos biológicos em substituição aos agrotóxicos. “É muito importante conhecermos novas tecnologias e variedades mais resistentes às doenças. A cada dia, as doenças estão mais avançadas, por causa das mudanças ambientais”, afirma. Já Helvio Issao Fukuda Cunzi, que planta banana em Cajati, no Vale do Ribeira, afirma que procura sempre agregar valor à atividade “com o combate mais efetivo às doenças”.
Equador
O agricultor Agnaldo José de Oliveira, de Jacupiranga (SP), no Vale do Ribeira, ressaltou que o dia de campo realizado no Norte de Minas foi importante para a união dos produtores de banana num momento delicado, em que a classe está aflita diante da possibilidade de importação da fruta do Equador. Os bananicultores brasileiros travam uma luta junto ao governo para impedir a chegada do produto do país vizinho. “Todos os produtores do Brasil devem se unir e somar forças para impedir a vinda da banana do Equador. Não existe nenhuma justificativa técnica, econômica ou social para a importação de banana, a não ser a falta de sensibilidade do governo brasileiro”, protesta.
Fonte: Estado de Minas
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