Publicado em: 14/05/2009 às 11:08hs
Do arrastado dia a dia da citricultura, acrescido do que se ouviu nas palestras proferidas no Citrus Dinner, pelos Drs. Robert Norberg e Maurício Mendes, trazidas pelo GCONCI, ontem, em Limeira, e das conversas entre membros da cadeia produtiva lá presentes, depreendi que a grande questão da citricultura, na Flórida ou no Brasil, é se ela será sustentável durante e após a crise que estamos vivendo. Sustentabilidade encontrada na óbvia situação em que o preço de venda do produto é superior ao seu custo de produção.
O valor mais importante da citricultura mundial é, portanto, o preço da caixa de laranja pago ao produtor. E são fatores de impacto na apatia que grassa na citricultura, lá e cá, as incertezas econômicas e fitossanitárias, os custos de produção, e os preços do suco e da fruta.
Os preços subirão na medida em que houver aumento de demanda. O consumo de suco de frutas tem declinado, em anos recentes, no mundo, a uma taxa de 2% ao ano. Na América do Norte, o consumo per capita caiu em torno de 30% nos últimos 5 anos. O desemprego tem contribuído fortemente para esta redução. As despesas com publicidade do suco tiveram queda acentuada e, hoje, ele é menos percebido como uma possibilidade/alternativa de consumo para as bebidas presentes nos supermercados e na lembrança dos consumidores.
A dureza da crise econômica, nos EUA, deve promover o anseio de uma vida mais simples, um retorno ao básico, como tendência de mercado pós recessão global. Esta volta ao básico, ao saudável, configuraria uma oportunidade para o suco de laranja, visto que, em pesquisa de mercado, 57% dos americanos entrevistados vêem o suco de laranja como uma bebida nutritiva, além de ser uma coisa simples que os mantêm saudáveis.
O caminho, segundo o Dr. Robert Norberg, especialista em Marketing do Departamento de Citros da Flórida, é fazer com que a mensagem de venda do suco de laranja esteja de acordo com o pensamento do consumidor americano médio.
As ações são de resultado demorado, portanto.
Para um presente à minha mesa e para alguns produtores da região mais severamente afetada pelo greening, faltou o consultor americano indicar o caminho do “EXIT” da citricultura.
No Brasil, todos os itens que compõem o custo de produção aumentaram, em especial a mão de obra e, mais recentemente, os fertilizantes.
O Dr. Maurício Mendes, na sua explanação, ressalta que, na medida em que o NFC ganhar importância, a responsabilidade do produtor sobre a qualidade da fruta entregue à indústria será maior, também. E que o consumo do mercado brasileiro é potencialmente bom.
Mas como consumo de laranja e suco depende da renda do povo, trago a opinião de Paulo Rabelo de Castro, economista, que em palestra no IEA, segundo o site do Canal Rural, disse acreditar que a renda do brasileiro, nos próximos anos ficará estagnada, prejudicando setores do agronegócio que dependam do mercado interno.
Neste mercado, aliás, os preços mantiveram-se na média de R$9,50/cx de pêra na árvore, sem estímulo por parte das indústrias que estão paradas, em manutenção. Ao que parece, movimento só para depois da segunda quinzena de junho. Em Nova Iorque, o FCOJ vem subindo em função da fraqueza do dólar, da seca na Flórida, tendo sido divulgada pelo USDA, ontem, a manutenção dos números para a produção da atual safra americana.
Sem esquecer, dia 20/05, o Workshop do GTACC, quem sabe a gente acha “saída”.
Paulo Sader - www.agroblog.com.br
Fonte: Agroblog
◄ Leia outros artigos