Publicado em: 07/10/2013 às 16:10hs
Esse é um dos motivos que fazem do Distrito Federal o maior consumidor de flores e plantas ornamentais per capita do país, de acordo com o Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor). Agora, o desafio é conquistar um espaço entre os grandes produtores do país.
Para contribuir com o desenvolvimento da atividade, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR/DF) promove diversas capacitações sobre técnicas de cultivo, irrigação e construção de estufas, entre outros. E ainda oferece atividades para ensinar os produtores a agregar valor ao seu produto, como as oficinas de vitrinismo e o curso de arranjo floral realizados durante a 4ª Feira Nacional da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais (Festflor Brasil), que ocorre de 3 a 6 de outubro, num shopping de Brasília. As ações, realizadas em dois dias do evento, reuniram centenas de participantes.
“Ensinamos como se criam vitrines promocionais e comemorativas, com flores do cerrado naturais e desidratadas. Os participantes são pessoas que trabalham com flores e comerciantes que querem valorizar os seus produtos. As flores destacam as peças de uma vitrine sem competir com elas. É uma integração perfeita”, acredita a instrutora do SENAR/DF, Jurema Oliveira.
O espírito empreendedor do produtor rural Luiz Gonzaga Silveira Freire foi o principal motivador da sua participação nas atividades do SENAR/DF na feira. Apesar de cultivar alimentos orgânicos no Assentamento Chapadinha, no Núcleo Rural Lago Oeste, em Sobradinho (DF), e de já ter cursado sete capacitações da entidade, ele decidiu buscar mais informações sobre o mercado e possibilidades de novas fontes de renda com produtos encontrados na sua propriedade, como a flor-de-mel (chamada também de “margaridão”). “A flor-de-mel atrapalha no cultivo de outras culturas e geralmente é picada para ser usada como adubo. No curso, aprendi que ela pode ser transformada em enfeite e um arranjo pequeno chega a custar R$ 400. Lá é mato. Aqui é dinheiro”, declara.
A artesã do Núcleo Rural de Tabatinga, Maria Luíza Pereira dos Santos, e a presidente da Associação dos Produtores Rurais de Barra Alta (Aproalta), em Planaltina (DF), Maria Estela Barbosa Barreto, buscaram novos conhecimentos com a intenção de criar arranjos diferenciados, utilizando fibra de bananeira, nas oficinas do SENAR/DF na Festflor. Elas acreditam que as técnicas ensinadas permitirão elaborar produtos mais valorizados no mercado, ou seja, maior valor agregado para o seu trabalho. “Aprendemos combinações de cores, técnicas de proporcionalidade e harmonia entre os elementos. Isso permite fazer arranjos mais bonitos e enriquece o material”, destaca Maria Estela.
Desafios para crescer
Não restam dúvidas sobre o potencial do Distrito Federal para a expansão da atividade. Segundo o levantamento do Ibraflor, em 2012, a área cultivada na unidade federativa era de 467 hectares, o que proporcionou uma renda superior a R$ 100 milhões. A pesquisa apontou 126 produtores dedicados à atividade no DF.
Na opinião do produtor rural Francisco Jakubowski de Carvalho, os maiores obstáculos para o setor crescer são alcançar constância na produção durante o ano inteiro para fidelizar os compradores e qualificar os trabalhadores envolvidos no segmento, não só na produção, mas também na comercialização dos produtos. É nesse aspecto, principalmente, que ele acredita que o SENAR pode ser decisivo. “No cultivo de flores, precisamos de sete funcionários para cuidar de um hectare, enquanto numa plantação de soja, por exemplo, apenas dois empregados são responsáveis por 100 hectares”, compara.
Carvalho, que é um dos proprietários do Rancho Paraná – chácara que produz 92 variedades diferentes de flores tropicais e é uma das maiores fornecedoras para floriculturas e eventos em Brasília –, reconhece que não consegue atender toda a demanda que existe no mercado regional. “Às vezes precisamos esperar para ver se vai sobrar flores de uma encomenda para poder atender outro pedido. A tendência é Brasília crescer, temos muitos eventos vindo para cá. O que falta é informação e agilidade para os produtores acessarem as linhas de crédito disponíveis”, salienta.
O consultor do Sindicato dos Floricultores, Fruticultores e Horticultores do DF (Sindifhort) e instrutor do SENAR/DF, Thiago Tadeu Campos, reforça que os principais entraves para o desenvolvimento do setor são a escassez de mão de obra, de assistência técnica e de financiamento. Ele também aponta a necessidade de investimentos em cultivo protegido e em irrigação para possibilitar a produção nos meses de entresafra. “O SENAR já está avaliando onde será instalada uma unidade demonstrativa de cultivo de flores. Nesse local, os alunos vão aprender desde a montagem de uma estufa até manejo de pragas”, antecipa.
Para Campos, o DF tem condições naturais favoráveis ao cultivo de flores, como altitude, estações bem definidas, umidade relativa baixa e disponibilidade de água, mas precisa aproveitar melhor as vantagens da sua localização central no Brasil para atender o mercado interno e até exportar. “Hoje temos voos diretos de Brasília para a Espanha e Portugal. Além disso, o poder aquisitivo da população e o apelo da qualidade de vida contribuem para a venda de flores, mas precisamos nos aprimorar. Não podemos pensar só em atender o atacado. É necessário agregar valor no varejo também”, acrescenta.
Fonte: Assessoria de Comunicação do SENAR
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