Flores

Expoflora abre temporada das flores no interior paulista

Evento chega à sua 32ª edição e traz lançamentos em flores e plantas ornamentais durante todo o mês de setembro


Publicado em: 02/09/2013 às 07:50hs

Expoflora abre temporada das flores no interior paulista

Cravada no interior do estado, a 140 quilômetros de São Paulo, a pequena Holambra tem sua história e tradição traduzida pelas flores. O município que tem cerca de 11 mil habitantes, quase todos holandeses que imigraram ao Brasil após a segunda guerra e seus descendentes, tem no turismo e na agricultura suas principais atividades econômicas.

Todos os anos ,para receber a primavera, o município une o melhor da agricultura e do turismo com a realização da Expoflora, feira que começou nesta sexta-feira (30) e vai até dia 29 de setembro e que neste ano chega à sua 32ª edição. A expectativa é de que, durante os cinco finais de semana do evento, passem pelo local cerca de 300 mil visitantes. Além das exposições de flores e da mostra de paisagismo, apresentações de danças típicas holandesas e comidas variadas compõem o passeio.

Segundo os organizadores da Expoflora, não se trata de uma simples feira, mas sim de uma mostra, já que o intuito é apresentar aos visitantes as novidades do mercado de flores e do paisagismo e não comercializar produtos. Com o tema “flores, contos e lendas”, a exposição de flores e plantas ornamentais é o carro chefe do evento.

Em um ambiente de 750 metros quadrados, produtores e expositores da região oferecem aos visitantes uma verdadeira viagem no tempo dos contos de fadas e personagens infantis. “O tema foi pensado para resgatar a memória da infância dos visitantes de todas as idades e isso certamente tornará a visita mais prazerosa para toda a família”, explica Paulo Fernandes, coordenador da comissão organizadora do evento.

Um dos expositores da mostra, Beni Van Rooijen, aposta na rosa Blueberry como uma das principais atrações de seu estande. A variedade, desenvolvida na Itália, foi resultado de uma criteriosa seleção de especialistas em busca da flor perfeita. “O melhorista que a desenvolveu descartou cerca de 30 mil flores até chegar na que continha as  melhores características combinadas”, explica o produtor e comerciante.

Entre esses pontos fortes, segundo o empresário, estão “atender o produtor e produzir quantidade, atender o atacadista e suportar o transporte, além de atender às expectativas do florista e não ter muito espinho e também atender ao consumidor lá na ponta, resistindo ao menos 14 dias”. Atualmente, apenas o irmão de Beni, Adriano Van Rooyjen, produz a variedade no Brasil, com estimativa de colheita de 840 mil hastes por ano. “Estamos fazendo o lançamento a partir da Expoflora e apostamos no sucesso dessa variedade”, diz.

Van Roojien conta que, para o próximo ano, os produtores da região também estão apostado no cruzamento de variedades de plantas que unam as cores verde e amarela, por conta da Copa do Mundo. As variedades de Saint Patches e crisântemos nas cores da seleção canarinho prometem fazer sucesso na próxima temporada. “Temos também o Hibisco cor de laranja, para o caso de a Holanda ser campeã”, brinca o produtor.

Paisagismo

Já no espaço destinado à mostra de decoração e paisagismo, a jornalista Carol  Costa e a arquiteta Mayra Guarnieri se uniram para criar um projeto que mostrasse ao público como as plantas podem estar presentes no dia-a-dia das pessoas sem complicação. O ambiente dividido em três espaços diferentes, criados pela dupla, baseou-se nos terrários para encher de vida os locais. “O desafio era falar de água, sem usar cachoeiras e lagos. E como os terrários estão em alta fora do Brasil e são ambientes fechados, que usam a umidade pra nutrir as plantas, achamos ideal para o ambiente”, explica Carol.

Desde o escritório, passando pela sala de estar até chegar ao jardim, as amigas usaram a criatividade para a construção dos pequenos espaços das plantas. Com isso, surgiram terrários em xícaras de café, lâmpadas, taças, garrafas de suco e potes de geleia e até dentro de livros. “Temos terrários abertos, fechados e os aereuns, que suam a umidade do próprio ambiente e quase não requerem manutenção”, conta Carol. Mayra explica que são alternativas práticas para quem deseja ter plantas em casas ou no escritório, de forma discreta, sem fazer sujeira. “Os terrários fechados requerem rega a cada três meses, porque a transpiração das plantas gera gotículas que retornam para a terra, é um microclima”

Para quem deseja montar um terrário em casa, as empresárias alertam para o cuidado na hora de escolher as plantas. “É fundamental escolher plantas com necessidades semelhantes, ou seja, unir plantas que requerem pouca água ou muita água, nunca misturá-las”, diz Carol. Os interessados em aprender um pouco mais sobre como cultivar plantas em casa, as duas darão palestras durante todos os finais de semana da mostra.

Em um outro ambiente, o paisagista e produtor Paulo Van Den Broek criou um cenário em que reutilizou objetos antigos, que seriam descartados pela maior parte das pessoas, para criar um jardim inusitado. Em sua 5ª participação na Expoflora, no primeiro ambiente, ele utilizou paletes velhos, pintados e colocados nas paredes, viraram suportes para plantas, enquanto outros, enterrados no chão, serviram de base para a horta.

Entre os lançamentos que ele usou no ambiente estão a Barléria Obtusa, um arbusto que produz flores o ano todo e também a Dormideira, popularmente conhecida como dorme-dorme e que vem sendo utilizada como planta ornamental. “A maior parte dos projetos de paisagismo usa sempre os mesmos tipos de plantas. Muitos profissionais têm medo de arriscar e ao trazer essas novidades, incentivamos os visitantes a buscarem novas inspirações”, diz.

No telhado da varanda, uma simulação de chuva, faz com que a água caia em canos e seja armazenada em caixas d’água, para serem usadas na rega das plantas e nos serviços domésticos. “Tenho trabalhado muito com material de demolição para fazer os projetos dos clientes que atendo, então achei propício criar um espaço que trouxesse isso aos visitantes”. Em um segundo ambiente, uma banheira antiga enterrada serviu como base para um simpático laguinho, enquanto botinas antigas, recortadas, serviram de vasos para vários tipos de plantas.

Mão-de-obra escassa

Um dos principais desafios do mercado de flores no Brasil está na busca por mão de obra para trabalhar no cultivo e manejo de flores. Van Rooijen explica que na Holanda, a escassez desses profissionais transformou os campos de cultivos em quase que totalmente automatizados. “Aqui no Brasil já existem grandes produtores investindo nessa tecnologia, mas ainda são poucos”.

Mas, segundo ele, caso a demanda continue crescendo e a falta de profissionais persista, “o setor terá que buscar alternativas para continuar produzindo e a automatização está entre elas, embora ainda seja muito cara”. Ao que tudo indica, a demanda do mercado brasileiro deverá continuar crescendo nos próximos anos. O produtor revela que, no passado, o setor falava de um consumo anual  per capita no Brasil de R$ 6. “Agora já se fala em R$ 25. Na Europa, a média é de R$ 140 e, mesmo em tempos de crise, segue crescendo”.

Fonte: Sou Agro

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