Feijão e Pulses

Projeto com feijão-caupi leva novas perspectivas aos ribeirinhos do baixo Madeira

O feijão-caupi, feijão-de-corda ou feijão-macassar (Vigna unguiculata L. Walp.) possui alto valor nutritivo e está presente em muitas receitas de grande consumo em Rondônia, como o baião-de-dois


Publicado em: 25/07/2012 às 08:50hs

Projeto com feijão-caupi leva novas perspectivas aos ribeirinhos do baixo Madeira

Mas o que muitos não sabem é que ele também é uma das principais fontes de renda da população ribeirinha, que aproveita o período de estiagem, em que o nível das águas do rio Madeira baixa, formando uma grande extensão de terras com alta fertilidade, para cultivarem o grão. A utilização dessas áreas para a agricultura dispensa o uso de adubação, irrigação e aplicação de herbicidas, o que favorece o cultivo agroecológico do feijão-caupi, a um custo de produção consideravelmente baixo.

No entanto, mesmo contando com estes fatores favoráveis, ainda há falta de conhecimentos das técnicas adequadas de produção e de armazenamento e problemas financeiros que dificultam o cultivo local e a manutenção de sementes com qualidade para o plantio da safra seguinte. Aspectos que o projeto “Tecnologias para a produção de sementes de feijão-caupi em duas comunidades ribeirinhas no baixo Madeira, Rondônia” desenvolvido pela Embrapa Rondônia e Emater/RO pretende melhorar em duas comunidades localizadas à margem direita do baixo Madeira: Nova Esperança e Ressaca, a 150 km de Porto Velho (RO), buscando a segurança alimentar com o aumento de produtividade e sustentabilidade.

De acordo com Frederico Botelho, engenheiro agrônomo da Embrapa Rondônia, durante o projeto serão implantados campos comunitários para a produção de sementes de variedades de feijão-caupi melhoradas pela Embrapa, já testadas em condições semelhantes às existentes naquela localidade, além da estruturação de um banco comunitário de sementes, onde serão priorizadas técnicas alternativas de armazenamento e conservação de sementes e grãos. “Com isso pretendemos aumentar a quantidade e a qualidade da produção do feijão-caupi no baixo Madeira, já que as demais comunidades da região utilizam sistemas de produção semelhantes”, explica, complementando ainda que “Com as tecnologias alternativas de conservação os produtores poderão armazenar o feijão-caupi de forma adequada e por um período maior, podendo comercializá-lo no momento certo, obtendo maior lucratividade no mercado e também garantindo sementes com maior qualidade para a próxima safra. Desta forma, diminuem os prejuízos e melhoram a produtividade”.

Como se trata de um projeto participativo, com constante interação entre a equipe da Embrapa, técnicos da Emater e produtores, no início do mês de julho deste ano todos se reuniram em mutirão para o plantio do feijão-caupi em uma das praias da região. Da mesma maneira, farão juntos o acompanhamento da lavoura, com a observação do desenvolvimento, a ocorrência de pragas e doenças e a limpeza da área. Na colheita,  prevista para outubro,  serão avaliadas as características agronômicas das variedades plantadas, e a comunidade será orientada e acompanhada na realização de boas práticas de secagem e armazenamento das sementes e dos grãos.

A participação efetiva das mulheres na lavoura


As comunidades de Nova Esperança e Ressaca são formadas por cerca de 40 famílias e para 34 delas o feijão-caupi, além de se caracterizar como uma produção de subsistência, gera renda e insere principalmente as mulheres em todo o processo. Hoje 80% da mão-de-obra na lavoura são de mulheres. “Temos muita preocupação em levar comida para os nossos filhos e ter dinheiro para poder manter a casa, não só hoje, mas no futuro. Trabalhamos na lavoura de manhã e a tarde cuidamos da casa”, conta a produtora Oscarina Vieira, que nasceu no baixo Madeira e é líder comunitária.

Para Oscarina, o projeto que está sendo desenvolvido pela Embrapa Rondônia tem gerado boas perspectivas aos ribeirinhos. Além da farinha agora eles têm no feijão-caupi, além de um alimento altamente nutritivo, mais uma fonte de renda. “Queremos produzir mais e melhorar também a renda das famílias. Hoje as mulheres têm condições de comprar móveis para a casa, máquina de costura, gerador de energia e até rabeta (canoa com motor de rabeta)”, fala a produtora.

O Feijão-caupi


De origem africana e introduzida no Brasil na metade do século XVI, pelo estado da Bahia, a cultura vem gerando mais de um milhão de empregos com rendas compatíveis às regiões. Nos últimos cinco anos quase dois mil empregos foram gerados, segundo o IBGE. Os negócios com o feijão-caupi alcançam, todo ano, quase R$ 700 milhões.

O feijão-caupi é um dos principais componentes da dieta alimentar nas regiões Nordeste e Norte do Brasil, especialmente na zona rural. Isso se deve ao seu elevado valor nutritivo, pois é rico em proteínas, ferro, zinco, fibras dietéticas, baixa quantidade de gordura e não contém colesterol.

Fonte: Embrapa Rondônia

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