Publicado em: 29/10/2024 às 09:00hs
Duas novas cultivares de feijão-caupi, popularmente conhecido como feijão-de-corda e do tipo feijão-de-metro, foram apresentadas ao mercado pela Embrapa Amazônia Oriental (PA). As variedades BRS Lauré, com vagens de coloração roxo-avermelhada, e BRS Raíra, de coloração verde-oliva, são caracterizadas por suas cores diferenciadas, qualidade superior das vagens e elevada produtividade, além de serem adequadas para o cultivo em espaldeiras.
A BRS Lauré, que se destaca por suas vagens longas e roxo-avermelhadas, é a primeira cultivar desse tipo desenvolvida pela pesquisa para o mercado da Região Norte do Brasil. "Esse novo produto atrai pela estética, mas também apresenta elevada produtividade e distribuição equilibrada das vagens ao longo do dossel da planta", afirma Rui Alberto Gomes, pesquisador da Embrapa. Nos testes realizados, a média de produtividade da BRS Lauré foi de 11,6 toneladas de vagem fresca por hectare, superando os 7,6 t/ha da cultivar comercial atualmente utilizada e os 8,6 t/ha de uma variedade crioula amplamente cultivada na região.
A cultivar BRS Raíra, com vagens verde-oliva mais claras que as tradicionais, também apresentou excelente desempenho, alcançando mais de 10 toneladas de vagem fresca por hectare, enquanto as variedades tradicionais produziram entre 7 e 8,6 t/hectare. "Essa cultivar possui vagens longas, adequadas ao padrão do mercado consumidor, e é apreciada por seu baixo teor de fibra", acrescenta Gomes.
Em condições de seca ou umidade, ambas as cultivares mostraram desempenho superior às variedades atualmente em uso. A BRS Raíra e a BRS Lauré apresentaram boa tolerância ao estresse hídrico e altas temperaturas. Gomes explica que, no estado do Pará, o feijão-de-metro é cultivado durante todo o ano, mas requer ajustes no sistema de produção, incluindo o cultivo nas áreas mais elevadas da propriedade. "É crucial plantar em leiras ou camalhões para evitar o encharcamento durante o período chuvoso e realizar irrigação na época seca", completa.
Francisco Freire, pesquisador aposentado que liderou o programa de melhoramento genético do feijão-caupi na Embrapa, explica que as novas cultivares foram selecionadas entre centenas de materiais coletados dentro e fora do Brasil. Os ciclos de cultivo e seleção realizados entre 2016 e 2018 nos municípios de Belém e Terra Alta levaram em conta a produtividade, qualidade comercial das vagens e sanidade das plantas. Freire ressalta que essas cultivares são especialmente voltadas para a agricultura familiar do Pará. "O feijão-de-metro é cultivado como hortaliça e sua produção é característica de pequenos e médios produtores. O programa busca não apenas fortalecer o cultivo e a produção do feijão-caupi entre esse público, mas também promover o consumo dessa hortaliça", enfatiza.
Gomes reforça que essas cultivares oferecem benefícios tanto para os produtores quanto para os consumidores. "Para os agricultores, representam uma opção de complemento de renda, uma vez que podem ser colhidas quase o ano todo. Para os consumidores, ampliam o cardápio com um alimento nutritivo, contribuindo para a diversificação da dieta e combatendo a monotonia alimentar", afirma.
As vagens frescas das novas cultivares são ricas em molibdênio, um micronutriente essencial que protege as células do corpo, além de serem fonte de selênio. Contêm também fibras, lipídeos, proteínas, carboidratos e diversos nutrientes.
O feijão-de-metro é uma variedade de feijão-caupi [Vigna unguiculata (L.) Walp. ssp. unguiculata Verdc. cv-gr. Sesquipedalis], cujas vagens são consumidas inteiras, cruas ou cozidas, em saladas ou outros pratos. Nativa da Ásia, a leguminosa foi introduzida no Pará no início do século XX por imigrantes japoneses e atualmente é cultivada em cinturões verdes de várias cidades paraenses, sendo colhida durante todo o ano. Nos últimos cinco anos, a produção estimada variou entre 700 e 800 toneladas, em uma área plantada de aproximadamente 20 hectares.
De acordo com dados da Central de Abastecimento do Pará (Ceasa-PA), os principais municípios produtores de feijão-de-metro no estado são Santo Antônio do Tauá, com 197.788 kg (40,21%); Curuçá, com 79.753 kg (16,21%); Maracanã, com 52.039 kg (10,58%); Santa Izabel do Pará, com 35.407 kg (7,20%); Castanhal, com 28.599 kg (5,81%); e Marapanim, com 28.377 kg (6,75%).
Uma inovação recomendada para o cultivo do feijão-de-metro é o espaldeiramento em formato de V, uma técnica agrícola tradicional que evita que a planta entre em contato com o solo. "No Pará, a amarração geralmente é feita de forma vertical ou em V invertido. Com o novo formato, observamos mudanças muito positivas na produtividade, sanidade, facilidade de colheita e qualidade da produção", relata Gomes.
O espaldeiramento em V melhora a circulação do ar e permite uma maior penetração da luz solar no dossel das plantas, criando um ambiente menos favorável à ocorrência de doenças e pragas. Além disso, a disposição das vagens na estrutura mais aberta entre as fileiras facilita a colheita.
As novas cultivares BRS Lauré e BRS Raíra estão disponíveis para sementeiros por meio de edital de oferta pública simplificado. Sementeiros e viveiristas de todo o Brasil que estiverem cadastrados no Registro Nacional de Sementes e Mudas (Renasem) estão habilitados a adquirir as sementes gratuitamente.
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Fonte: Portal do Agronegócio
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