Feijão e Pulses

Mercado do feijão segue travado com baixa liquidez, estoques elevados e demanda seletiva

Negociações lentas e estoques mantidos marcam o mercado do feijão carioca


Publicado em: 23/05/2025 às 17:00hs

Mercado do feijão segue travado com baixa liquidez, estoques elevados e demanda seletiva

O mercado brasileiro de feijão carioca encerrou a semana com ritmo de negociações bastante reduzido e baixa liquidez. Segundo o analista da consultoria Safras & Mercado, Evandro Oliveira, muitas cargas acabaram retornando à origem ou foram estocadas na zona cerealista, especialmente no estado de São Paulo.

Demanda focada em qualidade e compradores cautelosos

A demanda continua concentrada nos feijões de melhor qualidade, como os tipos extra 9 e 9,5, com destaque para grãos de escurecimento lento.

Apesar da oferta limitada, os compradores mantêm postura cautelosa e adotam estratégias pontuais de aquisição, preferindo evitar a compra de grandes volumes.

Produtores firmes seguram preços, mas sem referências claras

Ainda de acordo com Oliveira, os produtores optaram por reter os estoques, resistindo à venda com deságio. Essa decisão tem contribuído para a manutenção dos preços — que, em muitos casos, permanecem apenas nominais, pela falta de negócios concretos.

No fim da semana, alguns corretores demonstraram mais flexibilidade, com tentativas pontuais de destravar o mercado.

Cotações do feijão carioca por tipo e região
  • Feijão tipo extra: R$ 305 a R$ 320 por saca (destaque para Dama 9,5)
  • Sul do Paraná: R$ 266 a R$ 268/sc
  • Goiás e Minas Gerais: R$ 240 a R$ 270/sc
  • Feijão tipo 8,5 (mais comum): R$ 240 a R$ 280/sc
  • Padrão comercial (7,5 a 8): R$ 190 a R$ 220/sc, com valores abaixo dessa faixa em situações de urgência
Mercado equilibrado, mas sem força para reações consistentes

Para o analista, o mercado do feijão permanece num estado de equilíbrio frágil — sem fundamentos claros para altas ou quedas relevantes.

A retomada das vendas depende de uma reação mais firme no varejo ou de eventuais demandas regionais para reabastecimento.

Feijão preto: nova safra pressiona o mercado, mas retenção limita quedas

No caso do feijão preto, o avanço da colheita da safra 2024/25 traz pressão adicional ao mercado.

  • Paraná: 45% da área já colhida
  • Rio Grande do Sul: 55% da área colhida

Além disso, ainda há estoques remanescentes da safra anterior, o que tem gerado excedente e acirrado a concorrência entre os vendedores.

Produtores estocam, mas liquidações pontuais ocorrem por necessidade

Mesmo com o excesso de oferta, muitos produtores estão estocando os grãos para evitar vendas com deságio. No entanto, há casos de liquidações forçadas, especialmente entre aqueles com menor capacidade de armazenagem.

A demanda permanece seletiva, focada em feijões limpos, padronizados e de boa aparência. Lotes fora desse padrão enfrentam dificuldades de escoamento e preços mais baixos.

Cotações do feijão preto variam conforme a qualidade e região
  • Sul do Paraná: R$ 125 a R$ 127/sc (até R$ 140/sc pontualmente)
  • Noroeste do PR: R$ 127 a R$ 129/sc (FOB)
  • Nordeste Gaúcho: R$ 135 a R$ 137/sc (FOB)
  • Curitiba – Tipo 1: R$ 132 a R$ 134/sc
  • Interior de SP (boa qualidade): R$ 152 a R$ 155/sc (FOB)
  • CIF São Paulo: R$ 150 a R$ 175/sc, dependendo do padrão
  • Feijões com padrão inferior: R$ 100 a R$ 130/sc (FOB)
Exportações crescem, mas não aliviam pressão interna

Entre janeiro e abril de 2025, o Brasil exportou 44,9 mil toneladas de feijão, movimentando US$ 42,57 milhões, resultado superior ao do mesmo período do ano passado.

No entanto, esse avanço ainda não é suficiente para aliviar os estoques internos nem destravar o mercado.

Setor aposta no mercado externo a partir do segundo semestre

Com câmbio favorável e oferta elevada, o setor já mira o mercado internacional como uma possível válvula de escape para o segundo semestre.

No curto prazo, porém, não há indicações concretas de novos embarques.

Mercado segue estagnado, à espera de consumo ou exportações

Segundo Evandro Oliveira, o mercado do feijão está preso a uma neutralidade delicada:

  • De um lado, o excesso de oferta impede avanços nos preços
  • Do outro, a resistência dos produtores limita quedas mais acentuadas
  • A liquidez só deverá melhorar com uma recuperação do consumo interno ou avanço significativo nas exportações.

Fonte: Portal do Agronegócio

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