Publicado em: 14/07/2025 às 11:40hs
O mercado do feijão carioca passou por uma das semanas mais difíceis de 2024, com forte desaceleração na demanda, queda generalizada dos preços e estoque crescente de produto sem escoamento. De acordo com Evandro Oliveira, analista da Safras & Mercado, o cenário foi marcado por profunda apatia, sem presença de compradores nos leilões da Bolsa de São Paulo, enquanto a mercadoria se acumulava sem interessados.
“A demanda inexistente e o comportamento defensivo dos compradores foram os pontos centrais da semana”, afirma Oliveira.
A retração foi intensificada pela antecipação das compras antes do feriado de 9 de julho. Depois disso, o mercado praticamente parou, mesmo com corretores flexibilizando preços e abrindo margem para negociação. Ainda assim, ouviram repetidamente que os compradores "não estavam precisando".
Segundo o analista, essa inércia reflete não apenas a ausência de necessidade imediata, mas também um novo padrão de reposição, agora mais espaçado, cauteloso e desvinculado dos ciclos tradicionais.
A desvalorização atingiu todas as categorias do feijão carioca. O tipo extra (notas 9 e 9,5), que chegou a ser negociado por até R$ 305/sc CIF SP, caiu para entre R$ 230 e R$ 245/sc, com valores FOB entre R$ 242–246 em São Paulo e R$ 219–222 no Noroeste de Minas Gerais.
Outros padrões também sofreram:
A maioria das cotações, no entanto, permanece nominal, ou seja, sem confirmação por vendas reais.
Mesmo diante da falta de liquidez, a entrada de feijão irrigado de Minas Gerais e Paraná não cessou. Em alguns momentos, a Zona Cerealista operou com mais de 10 mil sacas acumuladas.
“Mesmo com feijões de diferentes qualidades e origens disponíveis, o mercado não reagiu”, destaca Oliveira.
Com isso, corretores passaram a buscar soluções alternativas, como armazenagem terceirizada e vendas por amostras, fora do ambiente tradicional de pregão.
As vendas com embarques programados começaram a crescer, mas de forma tímida. Essas negociações se concentram em pequenos volumes, muitas vezes para blends, feitas diretamente entre as partes.
Segundo o analista, não há perspectiva de reação no curto prazo.
“O mercado depende inteiramente da retomada do canal varejista, que ainda opera abastecido. Os preços, embora baixos, não estimulam a demanda e desanimam o produtor, especialmente nos feijões de menor qualidade.”
O mercado do feijão preto encerrou a semana em situação semelhante, com total ausência de liquidez e compradores afastados, mesmo com ampla oferta. As negociações praticamente não ocorreram na Bolsa de São Paulo.
“O relato recorrente entre os vendedores foi de ‘não estou precisando’, revelando um mercado profundamente travado”, aponta Oliveira.
As cotações operaram como referência, sem confirmação de negócios:
Os preços FOB regionais mostram grande variação e fraca liquidez:
A maior parte dessas cotações está abaixo do mínimo oficial, comprometendo a rentabilidade e desestimulando novos plantios.
Mesmo com promoções em supermercados, o consumidor final não respondeu, o que agravou a situação para empacotadores, que trabalham com margens cada vez menores. Como as exportações seguem pouco representativas, o mercado segue dependente do consumo interno, que continua travado.
No Rio Grande do Sul, a colheita foi praticamente concluída, mas parte das lavouras tardias sofreu com chuvas excessivas, que causaram germinação dos grãos e queda na qualidade. O preço médio estadual recuou 14,04%, chegando a R$ 184,29/sc. Há relatos de negócios pontuais em até R$ 120/sc.
Oliveira aponta três fatores que podem sustentar uma leve alta no médio prazo:
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias