Publicado em: 19/09/2025 às 17:30hs
O mercado do feijão carioca encerrou a semana em patamares firmes, reflexo da escassez de oferta física e da estratégia de retenção por parte dos produtores. Segundo o analista da Safras & Mercado, Evandro Oliveira, as negociações nos últimos pregões foram restritas, mantendo os preços estáveis.
Atualmente, as referências giram entre R$ 250 e R$ 270/sc para grãos extras e entre R$ 195 e R$ 230/sc para os comerciais.
A valorização observada desde o início do mês é resultado da quebra na 3ª safra 2024/25, com redução de 124,7 mil toneladas, ocasionada principalmente pela mosca-branca, que provocou perdas de até 40% em algumas regiões.
No Paraná, a 1ª safra 2025/26 deve registrar queda expressiva na produção, estimada em 217,5 mil toneladas, contra 339,4 mil toneladas no ciclo anterior, uma redução de 34%.
Em nível nacional, o 13º levantamento da Conab projeta produção de 3,097 milhões de toneladas para a safra 2025/26, alta de 0,8% frente à temporada passada. O desempenho, no entanto, será desigual:
Esse cenário reforça a dependência da colheita de inverno para equilibrar o mercado.
De acordo com Oliveira, os produtores têm armazenado até 80% da produção em câmaras frias, o que permite escalonar a comercialização e sustentar as cotações. A expectativa é de que, diante da oferta limitada, os preços possam alcançar R$ 300/sc até o início de 2026.
O analista ressalta que o volume total de feijões-cores disponível é o menor desde 2016, consolidando um ambiente de valorização estrutural para o segmento.
Já o feijão preto segue pressionado pelo excesso de oferta. Nesta semana, os negócios variaram entre R$ 125 e R$ 140/sc para grãos comuns, enquanto os padrões extras chegaram a R$ 165/sc, com pedidos acima de R$ 170/sc. Apesar da recuperação gradual, a liquidez permanece baixa.
A produção da safra 2024/25 foi de 798,3 mil toneladas, crescimento de 12,7% em relação ao ciclo anterior, enquanto o consumo interno gira em torno de 500 mil toneladas por ano.
As exportações de feijão preto já somam 78 mil toneladas em 2025, contribuindo para aliviar os estoques. Além disso, os leilões de PEP/PEPRO da Conab destinaram R$ 21,7 milhões para facilitar o escoamento da produção.
Mesmo assim, os estoques seguem elevados, o que limita a velocidade da recuperação dos preços. Corretores relatam que, no curto prazo, a firmeza do mercado dependerá do desvio da demanda provocado pelo encarecimento do feijão carioca.
Para o médio prazo, a expectativa é de redução na área plantada de feijão preto, medida considerada fundamental para equilibrar oferta e consumo. Ainda assim, a valorização deve ocorrer de forma mais lenta e frágil em comparação ao feijão carioca.
Fonte: Portal do Agronegócio
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