Feijão e Pulses

Mercado de feijão segue travado com baixa liquidez e qualidade irregular dos grãos

Feijão carioca e preto enfrentam semanas de estabilidade nos preços e fraca movimentação comercial, com expectativa de reação apenas no fim do ano


Publicado em: 24/10/2025 às 19:20hs

Mercado de feijão segue travado com baixa liquidez e qualidade irregular dos grãos
Mercado do feijão carioca segue estagnado há mais de um mês

O mercado de feijão encerrou a semana em ritmo lento, com pouca movimentação e preços praticamente inalterados. Segundo o analista Evandro Oliveira, da Safras & Mercado, o cenário para o feijão carioca está travado há mais de 30 dias, resultado da liquidez mínima e da baixa qualidade dos grãos disponíveis.

De acordo com corretores, parte dos lotes apresenta umidade inferior a 12% e alto nível de impurezas, fatores que aumentam a taxa de quebra no beneficiamento e reduzem o interesse de compra por parte da indústria e do atacado.

Abastecimento paulista depende de Minas e Goiás

O atacado de São Paulo segue sendo abastecido principalmente por grãos vindos de Minas Gerais e Goiás, especialmente da terceira safra. Apesar de o volume ser menor, o padrão comercial desses produtos é considerado fraco, o que dificulta o escoamento e limita as vendas.

As referências de preços permaneceram estáveis:

  • Feijão extra (9,5): entre R$ 260 e R$ 270/saca;
  • Feijão comercial: de R$ 190 a R$ 240/saca nas regiões produtoras;
  • No interior paulista (FOB), o preço recuou para R$ 258/saca;
  • Em Sorriso (MT), as indicações ficaram em torno de R$ 194/saca.

As variações semanais, entre R$ 5 e R$ 10 por saca, refletem ajustes pontuais de qualidade, sem indicar tendência de queda estrutural.

Expectativa de leve reação até o fim do ano

Apesar do momento de calmaria e vendas pontuais, o setor espera uma reação moderada nos preços até o fim do ano. A expectativa está ligada à redução da oferta da terceira safra e à proximidade do início da safra das águas.

Contudo, Oliveira ressalta que uma recuperação efetiva depende da melhora na qualidade dos grãos e de uma retomada mais firme no consumo varejista, que ainda se mantém tímido. Até lá, o mercado deve seguir lateralizado, com oferta restrita e negociações seletivas.

Feijão preto enfrenta pressão da ampla oferta e da baixa demanda

O mercado de feijão preto também segue sem fôlego, refletindo estoques internos elevados e demanda enfraquecida. Mesmo com preços considerados atrativos, as vendas permanecem lentas, e o desempenho fraco do feijão carioca também influencia o segmento.

Segundo Oliveira, há escassez de grãos de qualidade superior, já que muitos produtores retêm os melhores lotes, enquanto o volume de feijão comum aumenta, pressionando as cotações.

As ofertas de compra ficaram em:

  • Paraná: entre R$ 150 e R$ 155/saca;
  • Oeste catarinense: cerca de R$ 131/saca;
  • Lotes de qualidade superior chegam a R$ 160/saca, porém sem negócios efetivos.
Plantio da safra 2025/26 avança no Paraná

O plantio da primeira safra 2025/26 avança de forma satisfatória no Paraná, com 74% da área já semeada. No Rio Grande do Sul, porém, o ritmo é irregular e há redução expressiva de área, estimada em queda de 36% frente ao ciclo anterior — totalizando 107,6 mil hectares. A produção deve ficar abaixo de 200 mil toneladas.

Mesmo assim, as lavouras apresentam bom vigor, com 91% em boas condições e 80% ainda em fase de crescimento vegetativo.

Crise de crédito rural agrava dificuldades do setor

O cenário macroeconômico continua desafiador. A crise de crédito rural tem limitado o acesso dos produtores a financiamento, comprometendo a viabilidade econômica da produção.

Embora as exportações de feijão estejam em alta, ainda não há volume suficiente para reduzir o excesso de oferta interna, o que mantém os preços pressionados.

Perspectiva: estabilidade até 2026 com possível reação gradual

A tendência para o curto prazo é de mercado lateralizado, aguardando equilíbrio entre estoques e demanda. Contudo, há expectativa de recuperação dos preços entre o fim de 2025 e o início de 2026, impulsionada pela redução da área plantada e pela menor oferta esperada no primeiro trimestre do próximo ano.

Evandro Oliveira recomenda que os produtores gerenciem estoques com cautela, os corretores priorizem negócios por amostra e embarque programado, e o varejo mantenha operações seletivas, monitorando de perto o consumo interno e o comportamento do câmbio.

Fonte: Portal do Agronegócio

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