Publicado em: 08/01/2024 às 18:40hs
O início do ano de 2024 para o mercado de feijão no Brasil se apresenta desafiador, com uma série de obstáculos que prometem influenciar a cadeia produtiva e os preços do produto. Analistas e consultores, como Evandro Oliveira, da SAFRAS & Mercado, apontam para uma oferta limitada, evidenciada pelos baixos estoques em São Paulo, o principal centro consumidor do país.
O panorama de escassez é resultado, em grande parte, da decisão de muitos produtores de antecipar colheitas e vendas, impulsionados por preços atrativos e margens satisfatórias. Essa estratégia, aliada às condições climáticas adversas, especialmente a seca declarada em regiões vitais para a cultura, emerge como um fator crucial para a oferta restrita do grão.
O analista destaca relatos crescentes de uma quebra significativa na primeira safra 2023/24, estimando entre 25% e 30% no Paraná e impactos semelhantes em estados como Minas Gerais, Bahia, Goiás e Distrito Federal. Essa limitação na oferta, somada à potencial quebra, reflete diretamente nas cotações, levando os vendedores a antecipar suas pedidas para R$ 400,00 por saca nas primeiras semanas do ano.
Os escassos estoques no varejo e entre empacotadores criam um ambiente propício para negociações em patamares elevados. A preocupação com a possibilidade de desabastecimento no primeiro semestre destaca a importância das negociações neste cenário desafiador.
As adversidades climáticas, desde o excesso de chuvas até severas estiagens, tornam-se fatores cruciais para a produção e, consequentemente, para os preços do feijão. A dependência crescente de importações, especialmente da Argentina, adiciona complexidade ao mercado.
Evandro Oliveira ressalta que a retomada das atividades nas próximas semanas deve impulsionar o mercado, trazendo maior liquidez. Quanto aos preços, a perspectiva é de firmeza, pelo menos no primeiro semestre, com a possibilidade de acomodação após a entrada da segunda safra de 2023/24, estimada em 1,292 milhão de toneladas.
A considerável redução no consumo doméstico do grão, intensificada a partir de outubro de 2023, impõe desafios adicionais aos participantes do mercado. A complexidade de transferir os custos reais para o consumidor final torna-se mais acentuada, acrescentando preocupações em um momento crucial para a cadeia produtiva do feijão.
Evandro Oliveira destaca que, com a probabilidade de o fenômeno El Niño entrar em neutralidade entre abril e junho de 2024, as condições climáticas podem favorecer a segunda safra de feijão, proporcionando um equilíbrio adicional ao mercado.
Fonte: Portal do Agronegócio
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