Feijão e Pulses

Arroz enfrenta crise de preços enquanto feijão registra valorização em meio à oferta restrita

Durante a 10ª Safras Agri Week, especialistas discutem fatores que pressionam o mercado de grãos e projetam cenários para a próxima safra de arroz e feijão


Publicado em: 01/10/2025 às 19:40hs

Arroz enfrenta crise de preços enquanto feijão registra valorização em meio à oferta restrita

A 10ª edição da Safras Agri Week, realizada nesta quarta-feira (1º) pela Safras & Mercado, trouxe ao debate os rumos do mercado de arroz e feijão durante o painel “Mercado de Grãos e Fertilizantes”. O analista Evandro Oliveira destacou os principais fatores de pressão que afetam as cadeias produtivas e as perspectivas para a próxima temporada.

Arroz sofre com excesso de oferta e preços abaixo do custo

O mercado do arroz vive um cenário de crise que impacta desde o produtor até o varejo. Apesar dos preços mais baixos para o consumidor, a demanda não tem reagido como esperado. “Já vemos pacotes de 5 quilos abaixo de R$ 12, valor totalmente desconectado dos custos de produção”, explicou Oliveira.

A situação foi agravada pela safra recorde de 12,3 milhões de toneladas, somada a quase 1 milhão de toneladas de estoque inicial. Além disso, o avanço das importações — especialmente do Paraguai, que destina cerca de 80% de sua produção ao Brasil — ampliou a pressão sobre a oferta interna.

Outro ponto de impacto foi a entrada da safra norte-americana, que reduziu a janela de exportação brasileira e gerou déficit na balança comercial do setor. Como consequência, os preços caíram ainda mais.

Atualmente, as cotações na Fronteira Oeste variam de R$ 54 por saca (produto de menor rendimento) a R$ 63 para o arroz nobre — patamares inferiores ao custo de produção e ao preço mínimo oficial. Segundo Oliveira, medidas de escoamento, como ampliação do uso ferroviário e redução de taxas de ICMS, são essenciais para reequilibrar o setor.

Feijão carioca impulsiona recuperação do mercado

Enquanto o arroz enfrenta dificuldades, o mercado do feijão mostra sinais distintos. O feijão carioca de qualidade superior, colhido na terceira safra irrigada, alcança valores próximos de R$ 300 por saca. A alta, no entanto, ocorre em meio a um mercado lento e com oferta restrita.

“O produtor segura a mercadoria, mas o feijão tem limitações de armazenagem, o que pode comprometer a qualidade”, destacou Oliveira. O Paraná, hoje, lidera o fornecimento de produtos de qualidade intermediária em um cenário de escassez geral.

Essa valorização também puxou o feijão preto, que vinha de forte desvalorização, com preços em algumas regiões a R$ 110 por saca — muito abaixo do custo de produção, estimado em R$ 200. Intervenções do governo, como PEP e PEPRO, tiveram efeito limitado. “A recuperação recente é muito mais psicológica do que concreta em termos de demanda”, avaliou o analista.

Perspectivas para a primeira safra de feijão

A expectativa é de redução significativa na primeira safra. Oliveira projeta queda de mais de 7% na área plantada e de quase 13% na produção. O Paraná deve liderar essa retração, com estimativa de redução superior a 40% na área de feijão preto, o que pode reduzir em quase 50% a produção.

Os preços deprimidos têm levado produtores a migrar para o feijão carioca ou para o feijão mungo, especialmente no Nordeste, onde contratos de exportação oferecem maior previsibilidade. Para o analista, a próxima safra deve ser mais equilibrada em termos de diversificação, mas ainda marcada por uma demanda fragilizada.

Safras Agri Week segue com programação até amanhã

A Safras Agri Week continua até quinta-feira (2), com transmissão ao vivo pelo canal da Safras & Mercado no YouTube. O evento reúne especialistas e convidados do agronegócio para debater cenários, trocar experiências e preparar o setor para os desafios do próximo ano.

Fonte: Portal do Agronegócio

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