Publicado em: 02/09/2024 às 09:30hs
A Cooperativa Pindorama, localizada no Litoral Sul de Alagoas, tem utilizado a vinhaça, um resíduo da produção de etanol, para recuperar solos arenosos e aumentar a produtividade de cana-de-açúcar. Com essa técnica, a cooperativa registrou um aumento de 23% na produção das áreas tratadas, colhendo 18 toneladas a mais por hectare em comparação às áreas não tratadas.
A vinhaça empregada no processo é chamada de localizada, pois é concentrada e não diluída com água de lavagem. A aplicação dessa técnica começou em terras do município de Penedo, anteriormente consideradas improdutivas. Segundo Danilo Wanderley, gerente agrícola da cooperativa, a prática tem sido implementada há seis anos, permitindo uma expansão contínua da área de produção, que nesta safra deve passar de quatro para oito hectares.
“A cada ano, expandimos o uso dessa tecnologia. Além disso, incorporamos nitrogênio e micronutrientes ao processo. Como a vinhaça é rica em potássio e matéria orgânica, ela torna o solo mais fértil e ativa a vida microbiana, o que prolonga a longevidade do canavial e melhora a produtividade,” explicou Wanderley.
Diante dos resultados promissores, a cooperativa planeja ampliar ainda mais as áreas tratadas. As terras arenosas que receberam a vinhaça atingiram uma colheita de 80 toneladas de cana-de-açúcar por hectare na última safra, enquanto nas áreas sem tratamento a média foi de 62 toneladas por hectare. “Obtivemos um ganho de 18 toneladas por hectare nas áreas onde aplicamos a vinhaça. Nosso objetivo é expandir essa prática para oferecer uma melhor experiência a todos os nossos cooperados,” acrescentou Wanderley.
Além do uso de vinhaça, a Pindorama adotou mudas pré-brotadas para corrigir falhas no plantio, uma estratégia que ajudou a garantir a longevidade do canavial. Um estudo com drones foi realizado para calcular a quantidade exata de mudas necessárias, garantindo uma plantação eficiente.
A vinhaça é um subproduto gerado durante a produção de etanol, composto por elementos como enxofre, nitrogênio, magnésio, potássio, fósforo, além de água e matéria orgânica. Utilizada como fertilizante agrícola, especialmente no cultivo de cana-de-açúcar, a vinhaça também contribui para a drenagem do solo e prevenção da erosão.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgou estimativas para a safra 2024/2025 de cana-de-açúcar no Brasil, prevendo um aumento de 5,9% na produção de Alagoas, que deve atingir 20,843 milhões de toneladas. A safra está prevista para iniciar em setembro e encerrar na primeira quinzena de abril de 2025.
As condições climáticas favoráveis e a adoção de inovações tecnológicas têm gerado expectativas otimistas para o setor. Além disso, a diversificação da produção de etanol, com o uso de milho e sorgo – uma experiência pioneira no Nordeste, liderada pela Cooperativa Pindorama – também promete expansão. A produção de etanol a partir desses grãos deve crescer 35% em Alagoas, alcançando 20 mil toneladas, enquanto a produção de etanol a partir da cana-de-açúcar deve aumentar 3,1%, chegando a 490,998 mil toneladas, segundo os dados da Conab.
Fonte: Portal do Agronegócio
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