Publicado em: 29/04/2014 às 09:10hs
O Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, vai expor na Agrishow, 11 variedades de cana-de-açúcar. Dois destes materiais foram lançados no final de 2013. As variedades IACSP96-7569 e IACSP97-4039 são precoces e geram grande interesse para a indústria sucroenergética, que tem no início e no final da safra seus momentos mais críticos em função da qualidade da matéria-prima e da produtividade.
A variedade IACSP97-4039 tem perfil para mudar a história da canavicultura no início da safra em razão da precocidade, da qualidade e do longo período útil de industrialização. Essa nova variedade deve despertar grande interesse do setor por poder ser colhida — com grande qualidade — do início ao final da safra, de abril a agosto, podendo a colheita ser estendida até outubro.
O setor sucroenergético tem, no início da safra, problema de qualidade de matéria-prima e, no final do período, queda de produtividade agrícola. A IACSP97-4039 tem um perfil raro que se caracteriza por ter no início da safra alto potencial de acúmulo de sacarose e por apresentar estabilidade na produtividade agrícola ao longo da safra, segundo o pesquisador do IAC, Mauro Alexandre Xavier.
Esse alto teor de sacarose do início ao final da safra associado à alta produtividade atribui um perfil que normalmente não acontece com essa intensidade, segundo Landell. O diferenciado teor de açúcar se mantém em qualquer período da safra, inclusive no final (primavera) — são 6% a mais de sacarose — com elevada produtividade. “São dez quilos a mais de açúcar por tonelada de cana em relação às variedades mais cultivada no Brasil”, diz o pesquisador e diretor do Centro de Cana do IAC, Marcos Guimarães de Andrade Landell.
A IACSP96-7569 tem colheita de maio a agosto, com alta produtividade e o mesmo elevado teor de sacarose da IACSP97-4039. Com teor de fibra médio, tem ótima adaptação à região Oeste de São Paulo, nos municípios de Andradina, Araçatuba, Presidente Prudente e Adamantina, onde ocorreu a última grande expansão da canavicultura paulista. As novas variedades devem ganhar mercado efetivo este ano.
20% de todas as variedades de cana lançadas na última década são do IAC
Conheça as características das variedades de cana expostas pelo IAC
As variedades IACSP 95-5094, IACSP 96-2042 e IACSP 96-3060 apresentam vantagem na produção de biomassa em relação à maioria dos materiais em uso, de acordo com Marcos Guimarães de Andrade Landell. “Entre produtividade de biomassa e teor de sacarose as novas variedades estão produzindo 10% a mais que as usadas na primeira metade desta década”, explica. Esse ganho pode chegar aos 30% se os produtores explorarem o potencial desses materiais, associando-os aos ambientes de produção adequados.
Outra variedade apresentadas na Feira, a IAC 91-1099 destaca-se pela elevada produtividade e concentração de sacarose. Comparadas com materiais bastante cultivados comercialmente, sua produtividade foi superior em 11% às variedades existentes no mercado. A IAC 91-1099 garante ainda uma boa produtividade mesmo em cortes avançados, com produção superior em 20% a dos materiais que apresentam esse mesmo perfil, seu caráter rústico-estável possibilita o cultivo em ambientes médios a desfavoráveis.
Também expostas na Agrishow, a IACSP 93-3046, que tem perfil de maturação para o meio e fim de safra, atendendo às condições edafoclimáricas do Centro-Sul do Brasil. De acordo com o pesquisador do IAC, Marcos Landell, nessa principal região produtora do Brasil, a safra é dividida em três estações: outono (abril-junho), inverno (julho-setembro) e a primavera (outubro-novembro). Nesses períodos, o volume de cana produzido é de 25%, 45% e 30% respectivamente. “Percebe-se a grande importância das safras de inverno e primavera, que reúnem 75% do total de volume de matéria-prima”, destaca Landell. Daí a relevância dessas variedades adequadas à colheita nos meses de maior volume de produção.
Adaptação a déficit hídrico
Há duas variedades desenvolvidas pelo IAC, que se destacam na adaptação ao Cerrado: a IACSP 95-5000 e a IAC 91-1099, adaptadas à canavicultura moderna, que envolve a colheita mecânica crua. As variedades também apresentam ótimos resultados nas condições de deficiência hídrica.
A IACSP 95-5094 e IACSP 96-2042 também têm adaptação muito boa a regiões com déficit hídrico e trazem a perspectiva de otimizar a produtividade nas áreas secas, antes ocupadas por pastagens. A IACSP 96-3060 tem longo período de utilização, característica que contribui na logística da cadeia de produção por flexibilizar o período de colheita. Apresenta também excelente resposta em área orgânica. “Os três materiais são excelentes, cada um é otimizado em condições mais específicas, de acordo com o perfil regional”, diz Landell. Algumas das variedades têm perfil mais rústico, atendendo à região originalmente ocupada pelo Cerrado. São elas: IAC 91-1099, IACSP 93-3046, IACSP 94-2094 e IACSP 95-5000.
Em relação ao nível de maturação, os frutos do programa de melhoramento genético de cana-de-açúcar do IAC atendem a diferentes demandas, ao atingirem o nível de sacarose ideal para o corte em diferentes períodos. A IAC 91-1099 e IACSP 95-500 apresentam boa capacidade de acumular sacarose ao longo da safra, tornando-se uma boa opção para corte entre o inverno e a primavera – o que corresponde ao período de julho e novembro.
Já a IACSP 95-3028 chama a atenção pela precocidade de maturação, o que beneficia a colheita durante o período de menor volume de produção. “Para a IACSP 95-3028, colhida no inicio da safra – um momento bastante crítico para o acumulo de sacarose – o teor percentual desse açúcar pode ser 7,5% superior ao das variedades ainda cultivadas e utilizadas no inicio da safra”, pontua o pesquisador do IAC, Mauro Alexandre Xavier.
A IACSP 95-5094, IACSP 96-2042 e IACSP 96-3060 têm também perfil para atender também aos critérios agroambientais e à demanda atual da agroindústria. A IACSP 95-5094, IACSP 96-2042 e IACSO 96-3060 são adequados ao plantio mecânico e à colheita mecânica crua, dispensando a queima.
A IACSP93-2060 é colhida de abril a julho, com média produtividade e colheita mecanizada. A variedade tem ainda alto teor de sacarose, médio teor de fibra, é resistente às ferrugens, carvão, escaldadura, suscetível ao mosaico e tem média reação à broca. A IACSP95-3028 tem colheita realizada de abril a maio, média produtividade, bom plantio e colheita mecanizada. O material não floresce, tem muito alto teor de sacarose, médio teor de fibras. É ainda resistente às doenças ferrugens, carvão, escaldadura e mosaico, além de média reação à broca. A IAC87-3396 é colhida de junho a setembro, média produtividade e colheita mecânica. O florescimento é raro, tem médio teor de sacarose, médio teor de fibras, resistente à escaldadura e mosaico, média reação à broca, intermediária resistência à ferrugem marrom e esporádica contaminação com carvão.
Fonte: Assessoria de Imprensa do IAC
◄ Leia outras notícias