Publicado em: 14/08/2024 às 08:30hs
A irrigação tem se revelado crucial para a produção de cana-de-açúcar no Centro-Sul do Brasil nos últimos anos. Contudo, qual abordagem adotar para maximizar os ganhos financeiros e agronômicos? De acordo com Vinicius Bof Bufon, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, a estratégia mais eficaz envolve a combinação das modalidades de irrigação de salvamento e deficitária, em vez de optar exclusivamente por uma delas ou por uma irrigação plena.
Bufon destaca que projetar um sistema que contemple apenas a irrigação de salvamento ou a deficitária é um erro, assim como tentar atender 100% da demanda hídrica da cultura, o que é ambientalmente insustentável e financeiramente inviável. A solução ideal é integrar ambas as técnicas, aproveitando suas características distintas para criar uma estratégia de irrigação eficaz.
Esse tema será abordado com profundidade no 6º Seminário Brasileiro de Irrigação e Fertirrigação de Cana-de-Açúcar (IRRIGACANA), promovido pelo GIFC (Grupo de Irrigação e Fertirrigação em Cana-de-Açúcar), que acontecerá nos dias 28 e 29 de agosto em Ribeirão Preto, SP. Durante o evento, Bufon fornecerá uma análise detalhada sobre as diferentes estratégias de irrigação e seus impactos.
A irrigação de salvamento tem como objetivo assegurar uma brotação adequada em uma parte significativa do canavial, com baixo volume de água e menor infraestrutura. Sem essa técnica, um ano seco pode comprometer a longevidade do canavial e gerar custos inesperados com reformas. A perda de soqueira afetará todas as safras seguintes, mesmo com o retorno de condições climáticas normais.
Para períodos de alta demanda hídrica, especialmente entre julho e setembro, a irrigação deficitária é recomendada. Apesar do alto custo por milímetro aplicado com a irrigação de salvamento, a irrigação deficitária pode complementar a demanda hídrica de forma mais eficiente. As técnicas mais indicadas para esse fim são o pivô e o gotejamento.
Bufon explica que as chuvas no Centro-Sul costumam fornecer entre 45% e 60% da demanda hídrica da cana-de-açúcar, com o restante sendo um déficit. A irrigação deficitária pode suprir de 20% a 30% da demanda total, deixando um déficit final de 15% a 25%. “As plantas se mostram mais eficientes com uma leve restrição hídrica do que com uma oferta hídrica total”, conclui Bufon.
Fonte: Portal do Agronegócio
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