Publicado em: 04/11/2025 às 11:40hs
A safra de cana-de-açúcar 2025/26 deve somar 666,4 milhões de toneladas, segundo o terceiro levantamento divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) nesta terça-feira (4). O volume representa uma queda de 1,6% em relação à temporada anterior e reflete os efeitos do clima desfavorável, marcado por restrição hídrica, chuvas irregulares e altas temperaturas durante o desenvolvimento das lavouras, especialmente no Centro-Sul do país.
A área colhida deve crescer 2,4%, alcançando 8,97 milhões de hectares, mas o avanço não é suficiente para compensar a redução de 3,8% na produtividade média nacional, estimada em 74.259 quilos por hectare.
Responsável por mais de 60% da produção nacional, o Sudeste deve colher 420,2 milhões de toneladas de cana, uma retração de 4,4% frente à safra 2024/25.
O estado de São Paulo, maior produtor do país, lidera as perdas, com 18,2 milhões de toneladas a menos. Segundo a Conab, secas prolongadas, altas temperaturas e incêndios prejudicaram a rebrota e o desenvolvimento das lavouras paulistas, comprometendo o rendimento.
No Norte, mesmo com aumento da área plantada, a produção deve cair levemente para 4 milhões de toneladas, também em função das condições climáticas adversas.
O Centro-Oeste é uma das poucas regiões com resultado positivo. Apesar da queda de 1,9% na produtividade média (77.024 kg/ha), a expansão de 6% da área colhida — que passa de 1,85 milhão para 1,96 milhão de hectares — deve impulsionar um crescimento de 3,9% na produção, totalizando 151 milhões de toneladas.
No Nordeste, a produção deve atingir 55,1 milhões de toneladas, alta de 1,3% sobre o ciclo anterior. A produtividade média deve permanecer estável, com 60.630 quilos por hectare, e a área cultivada crescerá 1,2%, chegando a 908,2 mil hectares.
Já o Sul deve registrar melhores resultados, favorecido por chuvas mais regulares. A produção estimada é de 36,2 milhões de toneladas, avanço de 7,7% na comparação anual, com aumento tanto de área quanto de produtividade.
Com menor oferta de cana, o crescimento da produção de açúcar será limitado, mas a Conab projeta 45 milhões de toneladas, alta de 2% frente à safra passada. Se confirmada, será o segundo maior volume da série histórica, atrás apenas de 2023/24, quando o país produziu 45,68 milhões de toneladas.
A produção total de etanol, somando as origens de cana e milho, deve alcançar 36,2 bilhões de litros, uma queda de 2,8% em relação à safra anterior. O etanol de cana deve cair 9,5%, para 26,55 bilhões de litros, enquanto o etanol de milho deve crescer 22,6%, chegando a 9,61 bilhões de litros.
Desse total, 13,58 bilhões de litros serão de etanol anidro e 22,16 bilhões de litros, de hidratado.
Entre abril e setembro, o Brasil exportou 17,7 milhões de toneladas de açúcar, queda de 9% frente ao mesmo período da safra anterior.
Apesar do mix mais voltado à produção de açúcar, a qualidade inferior da matéria-prima, com menor Açúcar Total Recuperável (ATR), reduziu a eficiência produtiva. Além disso, o acúmulo de estoques de açúcar bruto em setembro aumentou a relação estoque/exportação, pressionando os preços internacionais na Bolsa de Nova York.
A revisão do USDA, que reduziu a projeção de consumo doméstico para cerca de 9 milhões de toneladas, pode contribuir para uma recuperação gradual dos preços do açúcar cristal no mercado físico no quarto trimestre.
No mercado interno, as vendas de etanol seguem aquecidas, especialmente o anidro, impulsionado pela maior demanda para mistura à gasolina e pela reposição de estoques das distribuidoras.
Já o hidratado permanece sensível à paridade com a gasolina e à variação cambial.
Com a safra se aproximando do fim, ATR baixo e oferta ainda restrita, o mercado tende a operar em faixa estável ou ligeiramente firme até o fim do ano.
Fonte: Portal do Agronegócio
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