Cana de Açucar

Açúcar brasileiro continuará ganhando espaço em 2023/24, indica StoneX

A produção brasileira de açúcar tende a continuar crescendo na próxima safra devido à escassez global da commodity. A StoneX projeta uma oferta de 41,1 milhões de toneladas no ciclo 2023/24, o que representa um aumento de 2% em relação à temporada atual


Publicado em: 19/10/2023 às 11:50hs

Açúcar brasileiro continuará ganhando espaço em 2023/24, indica StoneX

A seu favor, o setor tem preços em dólar próximos às máximas históricas, às vésperas da entressafra no Centro-Sul brasileiro, que responde por boa parte do abastecimento global.

A consultoria estima que as cotações seguirão entre 24,50 e 28 centavos de dólar por libra-peso até março. Depois, entre abril e setembro do ano que vem, ficarão entre 22 e 26 centavos de dólar por libra-peso.

"[A valorização] é consequência de três anos de déficit global", afirmou Renato Nogueira, consultor de açúcar e etanol, durante o 6º Seminário StoneX, em São Paulo.

Nas três safras entre 2019/20 e 2021/22, a demanda global superou a oferta em 6,7 milhões de toneladas. O déficit foi gerado por quebras de safra no Brasil, na Índia e na Europa, consumindo os estoques mundiais.

No ciclo 2022/23, com um forte aumento das exportações brasileiras, o saldo global ficou positivo em 1,3 milhão de toneladas. No entanto, espera-se que Índia, Tailândia, México e Estados Unidos produzam e/ou exportem menos na temporada 2023/24, causando um novo déficit, de 300 mil toneladas.

"A Índia, que chegou a ser segundo maior exportador global, com 11 milhões na safra anterior, embarcou 6 milhões nesta e, agora, anunciou que não deve exportar nada", disse Nogueira. "Em dois anos, veja o quanto o mercado mudou.”

Além de ter tido problemas durante o período de monções, o governo indiano quer segurar o açúcar para garantir o abastecimento no país enquanto aumenta a produção de etanol.

A participação do açúcar no mix das usinas está em 49,5% neste ciclo, um recorde, que só é possível graças à participação maior do milho na produção de etanol, afirmou Filipe Cardoso, especialista em estratégia de mercado da StoneX. "Estimamos que a participação do etanol de milho pode chegar a 20% no ano que vem", contou.

Os analistas elencam dois pontos de atenção no próximo ano: a possibilidade de o El Nino prejudicar a reta final da moagem no país, com um aumento excessivo das chuvas, e o fato de que as usinas provavelmente começarão o próximo ciclo com estoques elevados e com cana remanescente do ciclo atual.