Publicado em: 16/07/2025 às 10:30hs
Traders de commodities intensificaram os esforços para desembarcar café brasileiro nos Estados Unidos antes que entre em vigor a nova tarifa de 50% anunciada pelo ex-presidente Donald Trump. A medida, prevista para 1º de agosto, tem levado empresas a redirecionarem navios e anteciparem entregas.
Dados recentes indicam que os preços ao consumidor norte-americano subiram em junho, refletindo o início do repasse dos custos relacionados às tarifas. O impacto já é sentido até nas tradicionais xícaras de café.
Algumas empresas estão cancelando paradas intermediárias para garantir que os contêineres de café brasileiro cheguem diretamente aos portos dos EUA antes da aplicação da tarifa. Outras estão recorrendo a estoques em países vizinhos, como Canadá e México, para abastecer o mercado norte-americano.
Importadores nos EUA já começaram a aplicar a taxa de 50% nos preços de atacado para remessas com chegada após o prazo. “Redirecionamos algumas cargas, mas nem todas puderam ser aceleradas”, explicou Jeff Bernstein, diretor-gerente da RGC Coffee.
Segundo os traders, não há soluções imediatas para o café que ainda não deixou o território brasileiro. O país é responsável por um terço do café consumido nos EUA, que produz apenas 1% do que consome.
Com os preços do café já elevados após um pico de 70% no ano passado devido à escassez de oferta, a nova tarifa tende a pressionar ainda mais os custos para os consumidores.
Para empresas dos EUA, a nova medida representa uma ameaça. “Essa tarifa de 50% é uma ameaça existencial para importadores como eu”, afirmou Steve Walter Thomas, CEO da Lucatelli Coffee.
A cooperativa brasileira Expocacer, que aumentou em 15% suas vendas para os EUA no ano passado, informou que não será possível renegociar contratos com entrega após 1º de agosto. “O imposto é cobrado internamente, e cabe ao importador repassá-lo ao consumidor”, disse Simão Pedro de Lima, presidente da entidade.
Se a tarifa for mantida, os fluxos globais de café tendem a mudar. O Brasil deverá redirecionar parte de sua produção para a Europa e a Ásia, enquanto os EUA buscarão fornecedores na África e em outros países da América Latina. Segundo os traders, essa mudança trará custos mais altos e desafios logísticos.
Um trader revelou que o café brasileiro compõe um terço das misturas usadas por grandes redes como Dunkin Donuts e Tim Hortons. A Starbucks também é uma das principais compradoras do grão. As três empresas foram procuradas, mas não se pronunciaram.
A Associação Nacional do Café dos EUA (NCA) evitou comentar diretamente a nova tarifa, mas destacou que o café é essencial para a vida e a economia do país. A entidade solicitou ao governo Trump que o produto seja excluído das medidas tarifárias. Atualmente, dois terços dos adultos norte-americanos consomem café diariamente.
Fonte: Portal do Agronegócio
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