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Tarifas de importação dos EUA mantêm volatilidade no mercado de café, diz Hedgepoint Global Markets

Incertezas sobre tarifa de 50% sobre produtos brasileiros pressionam preços e comércio


Publicado em: 22/07/2025 às 18:00hs

Tarifas de importação dos EUA mantêm volatilidade no mercado de café, diz Hedgepoint Global Markets

O mercado global de café segue enfrentando alta volatilidade em meio à proposta dos Estados Unidos de aplicar uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros. O Brasil, maior produtor mundial e principal fornecedor dos EUA, vê seus contratos futuros de café arábica e robusta reagirem às incertezas do cenário comercial.

Impacto das tarifas sobre preços e embarques

Até a quarta-feira (16), os futuros do arábica e do robusta subiram em função da incerteza gerada pela proposta tarifária americana. A expectativa da cobrança de taxas elevadas sobre o café brasileiro impulsionou alguns traders a antecipar embarques no início da semana, conforme análise de Laleska Moda, analista da Hedgepoint Global Markets.

Consumo elevado mantém pressão

Os Estados Unidos, maior consumidor mundial de café, têm cerca de 66% dos adultos consumindo a bebida diariamente, segundo pesquisa da Associação Nacional de Café (NCA) de janeiro de 2025. A média de consumo é de três xícaras por dia, um índice estável nos últimos quatro anos, mesmo diante da inflação e preços mais altos.

Repasse das tarifas aos consumidores

Com o aumento do Índice de Preços ao Consumidor em junho, já influenciado pelo início do repasse das tarifas, a expectativa é que os custos adicionais sofridos pelos importadores americanos sejam repassados aos consumidores, pressionando os preços do café. Esse cenário explica a alta recente dos contratos futuros do arábica, que se aproximaram de 310 centavos por libra-peso em meados de julho.

Flutuações nos futuros do robusta e posicionamento do setor brasileiro

Embora os futuros do robusta tenham subido 8,8% em 14 de julho, os preços recuaram no fim da semana devido à maior disponibilidade da variedade. Marcos Matos, presidente-executivo do Cecafé, afirmou que o grupo não considera interromper o fornecimento de café aos EUA. Governo e setor seguem negociando para mitigar os impactos das tarifas.

Negociações para isenção das tarifas

Desde abril, a NCA negocia com representantes do governo dos EUA a inclusão do café brasileiro na lista de produtos estratégicos, o que poderia isentar o café das tarifas. No entanto, ainda não houve acordo.

Safra brasileira e comercialização em ritmo lento

Apesar da colheita avançada — com 77% da safra já colhida — e ausência de riscos climáticos imediatos, a incerteza sobre as tarifas e o fluxo comercial mantém o mercado volátil. As vendas de café no Brasil seguem lentas: em junho, apenas 29% da safra de arábica e 35% da de robusta foram comercializadas, abaixo da média histórica de 38%.

Exportações brasileiras em queda

Os embarques também refletem essa desaceleração. As exportações brasileiras de arábica em junho totalizaram 1,8 milhão de sacas, 26,9% abaixo do volume registrado no mesmo mês de 2024 e inferior à média dos últimos cinco anos. Embora o robusta tenha registrado embarques acima da média, com 476,3 mil sacas, o volume ainda foi 42,2% menor que o do ano anterior.

A conjuntura tarifária, combinada com a cautela dos produtores e a lentidão na comercialização, deve manter o mercado de café brasileiro em um ambiente de volatilidade e incertezas nos próximos meses.

Fonte: Portal do Agronegócio

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