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Tarifa dos EUA gera volatilidade no mercado do café, mas Brasil mantém liderança nas exportações

Imposição de tarifa de 50% nos produtos brasileiros impacta preços e ritmo das vendas, enquanto negociações seguem em andamento


Publicado em: 29/07/2025 às 16:00hs

Tarifa dos EUA gera volatilidade no mercado do café, mas Brasil mantém liderança nas exportações
Incerteza comercial movimenta preços futuros do café

A expectativa de manutenção da tarifa de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros tem provocado oscilações nos preços internacionais do café, afetando o ritmo das exportações do Brasil. Até a última quarta-feira (16), os contratos futuros das variedades arábica e robusta apresentaram alta, impulsionados pela incerteza no comércio global. Contudo, a variedade robusta perdeu parte do suporte próximo ao final da semana, em função do aumento da oferta e sinais de negociações avançadas entre Brasil e EUA.

Brasil segue como principal fornecedor para os EUA, apesar de vendas internas lentas

Embora o Brasil continue sendo o maior fornecedor de café para o mercado norte-americano, a comercialização interna do produto permanece abaixo da média histórica. O ritmo de embarques também está mais lento em comparação à temporada anterior. Os Estados Unidos, maior consumidor mundial, enfrentam alta nos preços internos da bebida, refletindo o impacto das tarifas.

Repasse das tarifas impacta preços ao consumidor americano

Laleska Moda, analista da Hedgepoint Global Markets, explica que o Índice de Preços ao Consumidor dos EUA já começou a subir em junho, refletindo o repasse das tarifas. “Com a cobrança sobre os produtos brasileiros, os importadores norte-americanos arcam com custos adicionais, que são repassados aos consumidores. Essa perspectiva levou alguns traders a antecipar embarques do Brasil no início da semana”, destaca.

Alta nos contratos futuros do arábica com liderança brasileira

A analista destaca ainda que o Brasil assumiu posição de liderança no fornecimento de arábica neste período, já que outros produtores estão em entressafra. Essa condição impulsionou o contrato de setembro próximo a 310 centavos por libra-peso (c/lb) entre quarta e quinta-feira (17), apesar da pressão da colheita que levou a uma queda recente.

Oscilações no mercado do robusta e negociações entre Brasil e EUA

No dia 14 de julho, os futuros do robusta chegaram a registrar alta de 8,8%, mas os preços recuaram devido ao avanço da oferta. Marcos Matos, presidente-executivo do Cecafé, garantiu que não há previsão de interrupção no fornecimento de café brasileiro para os EUA e ressaltou que o produto está no centro das negociações em andamento sobre as tarifas.

Tentativas de isenção da tarifa e importância do café para os EUA

Desde abril, a Associação Nacional de Café (NCA) dos EUA tem dialogado com o governo americano na tentativa de isentar o café brasileiro das tarifas adicionais, considerando-o um produto estratégico. Até o momento, porém, ainda não houve acordo.

Consumo elevado e estável de café nos EUA

Segundo pesquisa da NCA, cerca de 66% dos adultos nos Estados Unidos consomem café diariamente, com uma média de três xícaras por dia, padrão que se mantém estável há quatro anos, mesmo diante da inflação e preços elevados.

Vendas internas brasileiras e exportações em queda

No Brasil, as vendas estão abaixo da média histórica. Em junho, a comercialização do café arábica alcançou 29%, enquanto a do robusta foi de 35%, ambas inferiores à média de 38%. Laleska Moda destaca que a queda nos preços durante a colheita fez muitos produtores optarem por não vender nos últimos meses, contribuindo para o ritmo mais lento.

As exportações refletiram essa situação: em junho, o Brasil exportou 1,8 milhão de sacas de arábica, queda de 26,9% em relação a 2024. Para o robusta, foram exportadas 476,3 mil sacas — valor acima da média, porém 42,2% inferior ao do ano anterior.

Fonte: Portal do Agronegócio

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