Publicado em: 17/11/2025 às 11:40hs
O mercado de café iniciou a semana com forte volatilidade nas bolsas internacionais, refletindo a continuidade da sobretaxa de 40% aplicada pelos Estados Unidos sobre o café brasileiro, medida que segue afetando diretamente a competitividade do produto no mercado externo.
A decisão do governo norte-americano de retirar apenas 10% da tarifa recíproca imposta sobre as importações do café do Brasil não foi suficiente para aliviar as preocupações do setor. Enquanto isso, concorrentes diretos — como Colômbia, Vietnã e países da América Central — continuam exportando com tarifas reduzidas ou isentas, o que amplia a desvantagem comercial brasileira.
Segundo especialistas, a manutenção das barreiras tarifárias deve seguir pesando sobre as exportações brasileiras de café, que já registram queda acumulada desde setembro de 2025, conforme dados de mercado e estimativas do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Na manhã desta segunda-feira (17), os preços do café apresentaram movimentos mistos nas principais bolsas de referência.
O contrato de arábica, negociado na Bolsa de Nova York (ICE Futures US), registrava alta de 260 pontos, cotado a 402,20 cents/lbp no vencimento de dezembro/25. Já os contratos de março/26 e maio/26 avançavam 245 e 190 pontos, respectivamente.
Em Londres, o robusta operava com ganhos de mais de 4% nos vencimentos mais próximos, refletindo o aumento da demanda global e a preocupação com os custos logísticos. O contrato de janeiro/26 avançava US$ 191, negociado a US$ 4.414 por tonelada, enquanto o de março/26 subia US$ 162, cotado a US$ 4.290 por tonelada.
A volatilidade observada é explicada pela combinação entre incertezas comerciais, estoques globais limitados e condições climáticas variáveis nas principais regiões produtoras, fatores que vêm determinando ajustes constantes nos preços.
Para o Brasil, o principal desafio continua sendo recuperar competitividade no mercado norte-americano, destino tradicional e estratégico para o café nacional.
e acordo com análises do setor, enquanto a tarifa de 40% permanecer vigente, o café brasileiro tende a perder espaço para origens com custo de entrada mais baixo, o que poderá influenciar o ritmo de contratos futuros e comprometer o desempenho das exportações no fim do ano.
Diante desse cenário, exportadores e cooperativas avaliam alternativas para diversificar mercados, fortalecendo as vendas para a Europa, Ásia e Oriente Médio — regiões que vêm demonstrando maior interesse pelo café brasileiro, especialmente nas categorias premium e sustentáveis.
Apesar das incertezas tarifárias, analistas destacam que o mercado ainda conta com fundamentos positivos no médio prazo, como o aumento do consumo global e a valorização dos cafés especiais. No entanto, a estabilidade cambial e o avanço nas negociações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos serão determinantes para definir o rumo dos preços e das exportações nos próximos meses.
Enquanto isso, os produtores brasileiros seguem em alerta, atentos às condições climáticas, custos de produção e variações cambiais, fatores que podem interferir diretamente na rentabilidade do setor no final da safra.
Fonte: Portal do Agronegócio
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