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Seca e preços baixos dificultam a vida do cafeicultor da Bahia

Os preços baixos e a seca, dois eventos concomitantes, mas não relacionados, deram o tom nos discursos de abertura da décima quarta edição do Simpósio Nacional do Agronegócio Café ? Agrocafé 2013, que começou nesta segunda-feira (11) e vai até quarta-feira (13), na capital baiana


Publicado em: 13/03/2013 às 11:50hs

Seca e preços baixos dificultam a vida do cafeicultor da Bahia

Mais de mil participantes, de todos os segmentos da cadeia produtiva do grão, lotaram o plenário do Centro de Convenções do Hotel Bahia Othon Palace, na solenidade de abertura, da qual participaram, dentre outros, o secretário da Agricultura, Eduardo Salles, o senador Walter Pinheiro, o presidente da Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), João Lopes Araújo, o presidente da Federação da Agricultura da Bahia (Faeb), João Martins da Silva, e o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Marcelo Nilo.

“Infelizmente, o momento não é de entusiasmo como nos últimos dois anos. O clima reinante no meio cafeeiro, tanto na Bahia, quanto no Brasil, não é animador. A Bahia está passando pela maior seca de sua história e o café é uma das culturas mais vulneráveis a ela. Os baixos preços do café no mercado mundial, que estão abatendo o ânimo do cafeicultor de uma maneira geral, têm um efeito ainda mais devastador para o produtor baiano, que sofre com a estiagem”, disse o presidente da Assocafé e do Agrocafé, João Lopes Araújo.

“Este é o enigma do café. Um grande distância separa o glamour das lojas das dificuldades do campo. As descobertas científicas são positivas, com crescente vantagem para o café; o consumo cresce no mundo e, mais ainda, no Brasil. As lojas sofisticadas se multiplicam, mas, o produtor continua sem renda”, afirmou.

Pleitos

João Lopes Araújo elencou em seu discurso as urgências do setor. São eles, a aprovação do preço mínimo proposto pela Conab pelo ofício DIPAI no.11 de 17 de janeiro, quando o arábica passaria a R$340 e o conillon, a R$180. A instituição de um PEPRO de 2 milhões de sacas, uma vez que os preços estão abaixo do preço mínimo, com o prêmio de R$50, creditado diretamente na conta do produtor. Isto, segundo Araújo, demandaria recursos de R$100 milhões. O lançamento de opções de venda de volume de 2 milhões de sacas ao preço de R$400, com exercício de entrada entre setembro e novembro, com venda escalonada na entressafra, de março a maio. O comprometimento de recursos de R$800 milhões e uma linha especial de Crédito de R$500 milhões para compradores naturais de café, assim como linha de crédito para investimento com estímulo ao uso de tecnologia com carência de 4 anos e 10 anos para pagar com juros próximos do PSI no valor de R$300 milhões. O pagamento pelo Tesouro Nacional da remuneração ao Banco do Brasil pela gestão dos recursos do Funcafé, para não descapitalizar o fundo e permitir estas ações.

De acordo com o secretário Eduardo Salles, esta é a pior seca da história da Bahia, com efeitos devastadores para a cafeicultura. Os esforços do Governo estão concentrados nas ações emergenciais para combater os efeitos da seca, como linhas de crédito especiais. “Esse é o momento dos bancos abrirem linhas de crédito, e já obtive do Banco do Nordeste o compromisso de abrir nova linha de crédito para o café com recursos não reembolsáveis do Governo Federal e Governo Estadual”, adiantou o secretário.

O presidente da Faeb, João Martins da Silva, lembrou a grande aptidão da Bahia para a cafeicultura, que está dividida em três grandes polos no estado, o Planalto/ Chapada, o Cerrado, e o Atlântico. As diferenças geográficas desses polos deixa menos vulnerável o estado. “No Sul da Bahia, onde se planta o conillon, e no cerrado, onde a cafeicultura é 100% irrigada, a seca não foi um grande problema. Nos preocupamos agora com os pequenos produtores familiares do semiárido que não têm recebido a assistência que precisam. É inconcebível admitir uma média de produtividade de oito sacas por hectare”, pontuou o presidente da Faeb. João Martins lembrou que há na Bahia 150 mil pessoas envolvidas com a cafeicultura, em 167 municípios. “Há que se reconhecer que este é um grande gerador de empregos no campo”, disse.

Fonte: SEAGRI BA - Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária

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