Publicado em: 15/12/2025 às 10:10hs
A Hedgepoint Global Markets divulgou sua primeira projeção para a safra brasileira de café 2026/27, estimando uma produção entre 71,0 e 74,4 milhões de sacas. O crescimento será impulsionado pela recuperação do arábica, beneficiado pelas chuvas de outubro e novembro, e por uma safra ainda robusta de conilon, embora inferior ao recorde de 2025/26.
Segundo a consultoria, o arábica deve registrar uma alta significativa, variando entre 46,5 e 49 milhões de sacas, contra 37,7 milhões na safra anterior. Já o conilon é projetado entre 24,6 e 25,4 milhões de sacas, ante 27 milhões em 2025/26.
“A safra 2026/27 deve marcar um ponto de inflexão para o mercado, com o arábica em recuperação e o conilon mantendo desempenho elevado. O clima e os estoques globais continuarão determinando o ritmo dos preços”, afirmou Laleska Moda, analista de café da Hedgepoint Global Markets.
A estimativa da Hedgepoint indica um crescimento entre 23,3% e 30% na produção de arábica em relação à temporada anterior. A alta é sustentada por novas áreas produtivas, melhor manejo das lavouras e pelo ciclo bienal positivo que marca a safra atual.
Após um início de temporada com seca entre agosto e início de outubro, o retorno das chuvas a partir de meados de outubro garantiu segunda floração consistente, restaurando as expectativas de produtividade.
“Houve um aumento nas podas em áreas que estavam danificadas e não haviam sido tratadas devido aos preços elevados na última temporada. Também seguimos observando investimentos em novas plantações, que devem mostrar resultados mais expressivos nos próximos anos”, explicou Moda.
Embora deva apresentar uma queda entre 5,9% e 8,9% em relação ao ciclo excepcional de 2025/26, a produção de conilon segue em níveis elevados. A redução natural será parcialmente compensada pela expansão e renovação de áreas produtivas desde 2023.
As condições climáticas favoráveis — com boa regularidade das chuvas e reservatórios cheios no Espírito Santo e na Bahia — sustentam a floração e o enchimento dos grãos, mantendo o otimismo para a colheita.
Com a recuperação do arábica e o bom desempenho do conilon, a safra brasileira tende a contribuir para recomposição dos estoques globais de café em 2026/27. No entanto, a Hedgepoint ressalta que revisões na estimativa só serão divulgadas entre março e abril, após o período de enchimento dos grãos, quando os rendimentos de processamento poderão ser avaliados com mais precisão.
O cenário, entretanto, segue sujeito à volatilidade climática e a fatores externos, como o comportamento das exportações e as tarifas internacionais.
“O sentimento recente ficou mais baixista diante da perspectiva de maior produção brasileira e da remoção de tarifas dos EUA sobre o café nacional. Mesmo assim, os níveis de estoque e a menor exportação no curto prazo podem oferecer suporte aos preços”, analisa Moda.
A analista reforça que, até o final do enchimento dos grãos, o mercado seguirá sensível às condições climáticas nas regiões produtoras brasileiras. Essa combinação de fatores pode gerar oscilações de preços e oportunidades pontuais para produtores e exportadores.
“Apesar do recuo natural no conilon após um ciclo histórico, a expansão de áreas e a regularidade das chuvas sustentam um quadro positivo. O mercado, porém, deve continuar atento às condições do clima e aos níveis de estoque global”, conclui Laleska Moda.
Fonte: Portal do Agronegócio
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