Publicado em: 12/11/2025 às 19:20hs
A StoneX, empresa global de serviços financeiros e inteligência de mercado, divulgou sua primeira estimativa para a safra brasileira de café 2026/27, apontando para um avanço significativo na produção total. O Brasil deve colher 70,7 milhões de sacas, crescimento de 13,5% em relação ao ciclo anterior (2025/26).
Desse total, 47,2 milhões de sacas serão de café arábica, com aumento expressivo de 29,3%, enquanto o robusta (conilon) deve somar 23,5 milhões de sacas, o que representa uma queda de 8,9%. Apesar da recuperação esperada, a StoneX alerta que o volume ainda está abaixo do potencial máximo nacional, devido à persistência de condições climáticas adversas.
A consultoria destaca que, entre 2021 e 2024, o mercado global de café enfrentou déficits consecutivos, que reduziram os estoques mundiais em mais de 22 milhões de sacas. Assim, a próxima safra será essencial para recompor parte desses estoques e restabelecer o equilíbrio entre oferta e demanda.
A safra 2025/26 foi fortemente afetada por seca e calor intenso no final de 2024, o que prejudicou o florescimento e o desenvolvimento das lavouras de arábica. Com isso, a produção dessa variedade recuou 18,4%, totalizando 36,5 milhões de sacas.
Por outro lado, o robusta (conilon) atingiu recorde histórico de 25,8 milhões de sacas, crescimento de quase 22% sobre o ciclo anterior. O volume total da safra foi de 62,3 milhões de sacas, uma queda de 5,4% em relação ao ano anterior.
O início de 2025 apresentou condições mais favoráveis, o que ajudou na recuperação vegetativa das lavouras. No entanto, a irregularidade das chuvas no segundo semestre limitou o avanço, principalmente nas regiões produtoras de arábica, como o Cerrado Mineiro e a Zona da Mata.
A produção de arábica deve se destacar em 2026/27, impulsionada pela bienalidade positiva e pela recuperação de áreas afetadas no ciclo anterior. Mesmo com o crescimento previsto, o desempenho ainda será moderado devido à irregularidade climática e ao desgaste das lavouras mais antigas, que têm passado por intensos processos de poda e renovação.
Nas Matas de Minas, a produção deve subir 36,9%, alcançando 8,9 milhões de sacas, apoiada em investimentos em materiais genéticos modernos. O Sul de Minas Gerais, maior região produtora do país, deve colher 17,2 milhões de sacas, crescimento de 21,1%, embora o atraso das chuvas tenha causado florada irregular.
Em São Paulo, o avanço deve ser expressivo — alta de 75,6%, chegando a 7,2 milhões de sacas — graças ao retorno das lavouras que estavam em safra zero e à expansão dos novos plantios. Já o Cerrado Mineiro deve crescer 32,1%, atingindo 7,4 milhões de sacas, mas ainda abaixo do potencial devido à seca, calor intenso e geadas pontuais.
Após resultados históricos em 2025/26, o robusta (conilon) deve passar por ajustes naturais de produção, refletindo o manejo de poda e o desgaste fisiológico das plantas.
No Norte do Espírito Santo, a produção deve cair 15,1%, totalizando 16,3 milhões de sacas, impactada por ventos frios e chuvas no período de florada. No Sul da Bahia, o recuo estimado é de 18,8%, com 2,6 milhões de sacas, reflexo da fadiga das lavouras antigas, compensada parcialmente pela entrada de áreas novas.
Em contrapartida, Rondônia deve se destacar com alta de 32%, chegando a 3,3 milhões de sacas, impulsionada por condições climáticas favoráveis e renovação do parque cafeeiro. Apesar do bom momento, a falta de mão de obra ainda é um obstáculo para o avanço mais rápido na produção regional.
Mesmo com os desafios climáticos e ajustes regionais, o Brasil deve ampliar sua liderança no mercado mundial de café, consolidando-se como o principal fornecedor global. A StoneX ressalta, porém, que o desempenho da safra 2026/27 dependerá do equilíbrio entre perdas regionais e ganhos em novas áreas produtivas, além da recuperação consistente em estados como Rondônia.
O cenário ainda é de cautela, mas as perspectivas indicam um avanço sólido na oferta brasileira, essencial para recompor os estoques mundiais e sustentar o equilíbrio do mercado global nos próximos anos.
Fonte: Portal do Agronegócio
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