Publicado em: 18/06/2025 às 09:30hs
Tradicionalmente voltado para o cultivo de café arábica, o Cerrado Mineiro — uma das principais regiões produtoras do Brasil — começa a experimentar a produção de grãos canéfora (como conilon e robusta). A informação foi confirmada por Rodolfo Climaco, gerente de agricultura da Nestlé, durante entrevista concedida na quarta-feira (11).
O café arábica, embora valorizado por sua qualidade, é mais sensível às variações climáticas e demanda temperaturas mais amenas para se desenvolver. Já os grãos canéfora são mais resistentes ao calor e à seca, o que os torna uma alternativa viável frente aos impactos cada vez mais evidentes das mudanças climáticas.
“Recentemente, eu visitei o Cerrado, e já tem produtores, grandes produtores de arábica, fazendo testes com café canéfora, conilon, no Cerrado Mineiro”, relatou Climaco.
A possível adoção do conilon no Cerrado Mineiro representa uma mudança significativa na tradição da região. Segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), 100% da produção atual da área é composta por café arábica. Caso a tendência se consolide, o perfil agrícola do Cerrado poderá passar por redefinições importantes nos próximos anos.
Em setembro do ano passado, a agência Reuters já havia apontado que os preços recordes do canéfora estavam incentivando sua expansão em áreas que, historicamente, produziam apenas arábica. Esse fator econômico se soma às preocupações climáticas, influenciando as decisões dos cafeicultores.
Embora a produtividade e lucratividade ainda sejam pontos centrais na escolha das variedades a serem cultivadas, Climaco destaca que as mudanças climáticas devem se tornar o principal fator de decisão para os produtores.
“O grande fator que vai pesar na escolha entre arábica ou não será, de fato, o clima. O canéfora é um café mais resistente e menos suscetível a essas mudanças”, afirmou o gerente da Nestlé.
A introdução de novas variedades de café no Cerrado Mineiro reflete uma estratégia de adaptação do setor agrícola às condições ambientais e econômicas atuais. Com isso, os produtores da região buscam garantir a sustentabilidade da produção e a resiliência frente às mudanças climáticas, que já começam a redesenhar o mapa cafeeiro do Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
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