Cerca de 150 produtores de café da região de Botelhos (MG) acusam o dono de um armazém, no Distrito de Palmeiral, de ter vendido a produção deles sem autorização. Segundo os produtores, o dinheiro da venda não foi repassado mais de um ano depois das transações terem sido feitas. A dívida chegaria a R$ 3 milhões.

"Em 2014, eu depositei um café aqui e, na hora de vender, não tinha mais nada aqui. Eu não autorizei a venda. Não sei que fim deu essa venda", conta João André, que diz ter aguardado no armazém de café 277 sacas do grão. Ele esperava a alta do dólar para fazer um bom negócio.

Outro produtor, Maurício Benelli, tem guardadas notas promissórias assinadas pelo dono do armazém, totalizando uma dívida de mais de R$ 800 mil. "Eu não sei explicar. Foi um negócio que evaporou muito rápido."

O empresário Alexandre Nogueira foi quem firmou o compromisso de guardar o café dos cafeicultores em 2013. Ele admite ser responsável pela dívida assumida com a venda das sacas no começo de 2014.

"De 2013 para 2014 eu deixei de receber muita coisa e o que eu deixei de receber. Quando o café estava a R$ 250 eu não consegui repor o estoque. Quando chegou a R$ 500, a maioria dos produtores venderam para aproveitar o preço. Então se lá atrás eu tinha um capital que comprava cinco mil sacas, depois eu consegui comprar apenas 2,5 mil", explica Nogueira.

Ainda de acordo com o empresário, a dívida será quitada, mas em um prazo de até quatro anos. "Sei que estou causando um prejuízo momentâneo para eles, mas sinto que é uma obrigação minha pagá-los", concluiu.