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Preços do café sobem globalmente em agosto e criam oportunidades para produtores brasileiros

Escalada global reflete incertezas tarifárias e climáticas


Publicado em: 15/09/2025 às 18:40hs

Preços do café sobem globalmente em agosto e criam oportunidades para produtores brasileiros

O mercado global de café registrou forte alta em agosto, impactado por fatores como a manutenção das tarifas americanas, problemas climáticos e ajustes nas expectativas para a safra brasileira 2025/26. Segundo o relatório Agro Mensal, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, a combinação desses fatores gerou uma valorização expressiva tanto nos mercados internacionais quanto no Brasil.

Apesar da queda do dólar frente ao real, que moderou o repasse dos preços para o produtor, o cenário atual oferece oportunidade de negociação com valores mais atrativos para os cafeicultores.

Desempenho dos preços de arábica e robusta

Entre 1º de agosto e 5 de setembro, o arábica em Nova York subiu 35,7%, enquanto o robusta em Londres registrou alta de 34,2%. No mercado interno brasileiro, o indicador Cepea apresentou valorização de 28,5% para o arábica e 31,9% para o conilon. As variações mais moderadas no país refletem a apreciação cambial de 2,3% no período e a abertura do diferencial de preços.

Os principais fatores que impulsionaram a alta incluem:

  • Incerteza sobre a manutenção das tarifas americanas
  • Menor rendimento previsto da safra brasileira 2025/26 de arábica
  • Geadas no cerrado mineiro
  • Entressafra do robusta na Ásia
  • Exportações brasileiras mais fracas

O boletim Radar Agro, divulgado em 5 de setembro, detalhou esses pontos e ajustou as expectativas para a safra 2025/26, considerando a redução no rendimento do arábica.

Exportações brasileiras registram queda em agosto

Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) indicam que as exportações de café verde para os Estados Unidos caíram 10,9% em agosto, totalizando 18 mil toneladas (300 mil sacas), queda de 17,2% em relação ao mesmo mês de 2024.

Oportunidade para hedge diante da volatilidade

O mercado cafeeiro deve permanecer volátil, com possibilidade de novas altas, dadas as incertezas tarifárias, exportações mais fracas e perspectivas de produção para o próximo ano. O retorno das chuvas previsto para as próximas semanas pode gerar realização parcial após a forte valorização recente.

Segundo a análise do Itaú BBA, a safra brasileira 2025/26 deve alcançar 38,7 milhões de sacas de arábica — 2,2 milhões abaixo da estimativa do USDA — e 24,1 milhões de sacas de robusta, totalizando 62,8 milhões de sacas, uma redução de 3% em relação à safra anterior.

A posição líquida comprada dos fundos não comerciais, registrada em 2 de setembro, subiu para 32 mil contratos, quinta semana consecutiva de aumento. Para referência, a máxima do ano ocorreu em fevereiro, com 65 mil contratos comprados.

Condições climáticas e projeções para a florada

Modelos climáticos indicam o retorno das chuvas nas regiões cafeeiras brasileiras a partir da segunda quinzena de setembro, o que deve favorecer as floradas. Para outubro e novembro, as precipitações devem ser adequadas para o pegamento e desenvolvimento inicial dos grãos, enquanto dezembro apresenta volumes mais elevados, que podem gerar desafios dependendo da distribuição das chuvas.

O fenômeno La Niña permanece como ponto de atenção, podendo trazer temperaturas abaixo da média e irregularidades pluviométricas, embora a previsão atual indique que o retorno das chuvas deve ocorrer sem atrasos significativos.

Fonte: Portal do Agronegócio

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