Publicado em: 05/05/2025 às 11:50hs
As expectativas em torno da safra brasileira de 2025, que sofre os efeitos de condições climáticas adversas, influenciaram diretamente a movimentação das cotações. Além disso, fatores como a variação cambial, o comportamento dos investidores e os desafios técnicos no mercado também contribuíram para a volatilidade.
No mês de abril, o mercado de café em Nova York experimentou uma recuperação, com preços avançando acima de 400 centavos de dólar por libra-peso, após uma sequência de altas no final do mês. Esse movimento foi impulsionado pela melhoria no humor dos investidores globais, que, após um período de pessimismo devido à imposição de tarifas pelo governo dos Estados Unidos, passaram a perceber sinais de flexibilização nas negociações entre China e EUA. A trégua nas tarifas trouxe um otimismo renovado aos mercados, influenciando positivamente o comportamento dos ativos, incluindo o café.
A queda do dólar em relação a outras moedas também desempenhou um papel relevante na valorização das commodities, incluindo o café. O índice DXY caiu abaixo dos 100 pontos, o que contribuiu para a recuperação dos ativos básicos. No Brasil, com o real se fortalecendo frente ao dólar, o impacto sobre o preço do café foi ainda mais expressivo. O Brasil, maior exportador mundial de café, enfrenta uma safra próxima, e a desvalorização da moeda norte-americana tornou as vendas de café mais atrativas, pois os produtores brasileiros recebem menos reais por cada dólar exportado, ajudando na compensação dos preços nas bolsas internacionais.
Além dos fatores cambiais e do otimismo renovado nos mercados financeiros, o preço do café também foi impulsionado por fatores técnicos. O mercado conseguiu superar resistências e romper o canal de baixa que havia sido iniciado em fevereiro, atingindo a máxima de 419 centavos de dólar por libra-peso. A manutenção da linha dos 400 centavos serviu como um ponto de sustentação, mantendo o movimento de alta. No entanto, caso o mercado perca essa referência, poderá retornar ao antigo canal de baixa.
A escassez de oferta de café no mercado global continua a sustentar os preços, mas essa situação já está precificada. Além disso, os fundos de investimento reduziram sua posição líquida comprada em contratos futuros de café arábica, com base no relatório da CFTC (Commodity Futures Trading Commission), que indicou uma ligeira elevação nos contratos de 41 mil para 40 mil, em comparação com os 76 mil contratos registrados no início do ano. Apesar disso, é esperado que os fundos mantenham posições compradas até o início da safra brasileira de 2025, em virtude dos riscos climáticos e da baixa oferta.
Enquanto o café arábica experimentava alta em Nova York, o robusta, negociado em Londres, não seguiu a mesma tendência. A entrada da safra de conilon/robusta no Brasil e o início da safra na Indonésia aliviaram a pressão sobre o abastecimento global. No Vietnã, maior produtor de robusta, as previsões climáticas apontam para boas chuvas nas próximas semanas, o que deve beneficiar o desenvolvimento da safra de 2025/26. Esse cenário fez com que a arbitragem entre os contratos de arábica e robusta aumentasse, com a diferença de preços atingindo 157 centavos, com o arábica sendo mais caro que o robusta.
No fechamento de abril, o contrato de julho do café arábica na Bolsa de Nova York acumulou uma alta de 6,75%. No mercado de Londres, o robusta subiu 1,4%. No Brasil, o mercado físico também refletiu essas variações: o café arábica bebida boa no sul de Minas Gerais registrou uma alta de 3,1%, encerrando o mês a R$ 2.650,00 a saca. Já o conilon, tipo 7, em Vitória/Espírito Santo, teve uma queda de 12,5%, fechando a R$ 1.715,00 a saca, devido ao início da safra.
Essa volatilidade do mercado de café em abril destaca os desafios que a commodity enfrenta, com a combinação de fatores climáticos, cambiais e técnicos influenciando diretamente os preços e as expectativas para os próximos meses.
Fonte: Portal do Agronegócio
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