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Preços do café disparam com geadas, tarifas dos EUA e safra menor no Brasil

Mercado global reage à combinação de fatores climáticos e comerciais, enquanto a menor produção no Brasil pressiona cotações e impacta exportações


Publicado em: 08/09/2025 às 20:00hs

Preços do café disparam com geadas, tarifas dos EUA e safra menor no Brasil
Valorização expressiva em agosto

O mercado de café registrou forte escalada nos preços em agosto de 2025. O arábica avançou 40% na Bolsa de Nova York, enquanto o robusta subiu 50% em Londres. O movimento foi impulsionado por fatores climáticos, incertezas tarifárias e menor oferta, segundo análise da Consultoria Agro do Itaú BBA.

Tarifas dos EUA aumentam pressão

No fim de julho, os Estados Unidos ampliaram tarifas sobre o Brasil de 10% para 50%, sem incluir o café entre os produtos isentos. A medida gerou instabilidade entre o maior produtor e o maior consumidor global da commodity, levando importadores a adiar compras ou buscar alternativas em outros países.

Geadas reduzem potencial produtivo

Nos dias 10 e 11 de agosto, geadas atingiram o Cerrado Mineiro, provocando perdas estimadas em mais de 400 mil sacas, equivalente a 5,5% da produção regional prevista para a próxima safra. Embora menos intensos que os episódios de 2021, os danos reforçaram o cenário de oferta limitada.

Safra brasileira revisada para baixo

A colheita de 2025/26 confirmou menor rendimento dos grãos após o beneficiamento. O Itaú BBA estima produção de 38,7 milhões de sacas de arábica, queda de 11,5% frente à safra anterior e abaixo da projeção oficial do USDA (40,9 milhões). Para o robusta, a expectativa permanece em 24,1 milhões de sacas, resultando em uma safra nacional total de 62,8 milhões – inferior às 65 milhões previstas pelo USDA.

Exportações começam em ritmo lento

Apesar da menor oferta mundial, as exportações brasileiras tiveram início tímido no ciclo 2025/26. O cenário coincidiu com a entressafra do Vietnã, dificultando a recomposição dos estoques globais em um momento de aumento da demanda no Hemisfério Norte. A incerteza tarifária nos EUA também contribuiu para a lentidão nos embarques.

Mercado sustentado pelos fundamentos

A disparada dos preços não esteve ligada a movimentos especulativos dos fundos de investimento, mas sim a fundamentos de oferta e demanda. Esse comportamento indica tendência altista, embora ajustes pontuais não estejam descartados no curto prazo.

Perspectivas e gestão de riscos

Para os próximos meses, a relação comercial entre Brasil e EUA tende a seguir instável, sem expectativa de retirada do café da lista de produtos tarifados. Assim, parte dos custos adicionais pode ser repassada ao consumidor final, enquanto produtores enfrentam diferenciais de preço menos favoráveis em relação a Nova York.

O Itaú BBA recomenda que os cafeicultores adotem estratégias de hedge para proteger margens, especialmente diante do aumento nos custos de insumos como fertilizantes.

Cenário futuro pode ser mais positivo

Apesar dos impactos das geadas, projeções climáticas indicam boas condições de chuvas para 2026/27. Caso se confirmem, o Brasil pode colher uma safra significativamente maior, o que abriria espaço para margens mais atrativas aos produtores.

Fonte: Portal do Agronegócio

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