Publicado em: 21/08/2025 às 11:00hs
Os contratos futuros do café abriram a manhã desta quinta-feira (21) em alta nas bolsas internacionais. O movimento reflete a combinação de oferta restrita, tarifas impostas pelos Estados Unidos e um cenário climático desfavorável no Brasil, que segue pressionando as cotações.
Compradores americanos têm cancelado novos contratos de importação do café brasileiro em razão da tarifa de 50% aplicada pelo governo dos Estados Unidos. A medida, somada ao baixo nível dos estoques mundiais, intensificou a volatilidade do mercado e aumentou a preocupação com a disponibilidade do grão.
Além disso, a safra 2025/26 do Brasil tem apresentado rendimento inferior ao esperado, o que reforça o tom de cautela. Segundo a Bloomberg, contratos futuros de arábica em Nova York atingiram o maior valor em dois meses, impulsionados pelo frio e pela retenção de grãos por parte dos produtores brasileiros.
Por volta das 9h30 (horário de Brasília), o café arábica registrava ganhos significativos:
Já o robusta apresentou variações mistas:
Após quedas registradas em julho, os preços do café voltaram a subir com força em agosto, aproximando-se dos níveis de meados de junho. Dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) apontam que a recuperação está diretamente ligada à safra 2025/26, que apresenta menor produção e baixo rendimento no beneficiamento.
De acordo com o Indicador CEPEA/ESALQ, o arábica tipo 6, bebida dura para melhor, posto em São Paulo, iniciou a semana a R$ 1.972,55 por saca de 60 kg. Até o dia 18, a valorização acumulada no mês chegou a 8,9% (R$ 160,68 por saca).
O robusta apresentou alta ainda mais expressiva no período. Segundo o Cepea, o tipo 6, peneira 13 acima, a retirar no Espírito Santo, registrou valorização de 19,7% em agosto. O ganho acumulado foi de R$ 202,95 por saca, elevando a cotação para R$ 1.231,40 no dia 18.
A demanda aquecida, tanto no mercado interno quanto externo, tem sustentado a alta mesmo diante da redução da oferta.
Com o Brasil se aproximando do fim da colheita, a atenção do mercado se volta para a qualidade dos lotes e o volume comercializável. Produtores relatam dificuldades relacionadas à irregularidade climática e à maturação desigual, fatores que elevam custos e desafios logísticos no pós-colheita.
Especialistas do Cepea destacam que a redução no beneficiamento pode diminuir a oferta de cafés de maior qualidade, intensificando a valorização das categorias superiores. Além disso, os estoques de passagem mais enxutos favorecem operações especulativas e ampliam a volatilidade do setor.
Apesar da recuperação em agosto ter trazido alívio ao produtor, analistas avaliam que a instabilidade deve continuar como característica central do mercado. A expectativa é de que as oscilações de preços sigam intensas até o início de 2026, exigindo cautela por parte de toda a cadeia produtiva.
Fonte: Portal do Agronegócio
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