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Preço do café recua pelo segundo mês consecutivo, mas indústria prevê alta nas próximas semanas

Cenário de mercado: queda nos valores do café persiste, mas expectativa de alta anima produtores e indústrias


Publicado em: 11/09/2025 às 13:40hs

Preço do café recua pelo segundo mês consecutivo, mas indústria prevê alta nas próximas semanas
Café moído registra queda, mas aumento já se aproxima

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o preço do café moído caiu 2,17% em agosto em comparação a julho, marcando o segundo mês seguido de recuo após um período prolongado de altas. O alívio para o consumidor, no entanto, deve ser breve.

O diretor-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Celírio Inácio, projeta que os preços voltam a subir nas próximas semanas, de 10% a 15%, retornando aos patamares de dezembro, quando o quilo do café chegou a R$ 80. A alta já é percebida no campo, onde a cotação do grão começou a subir desde o início de agosto.

Fatores que pressionam o preço do café no campo

O aumento das cotações no Brasil é influenciado por diversos fatores:

  • Tarifa dos EUA: A imposição de uma taxa de 50% sobre o café brasileiro nos Estados Unidos fez os preços dispararem na bolsa de Nova York, referência mundial para o grão.
  • Estoques globais baixos: Problemas climáticos nos principais produtores ao longo dos últimos quatro anos reduziram o estoque mundial de café.
  • Queda na produção de arábica: Este ano, o Brasil deve registrar uma redução de 18,7% na colheita de café arábica, segundo a StoneX Brasil.
  • Geadas no Cerrado Mineiro: O fenômeno causou prejuízo de 424 mil sacas (25 mil toneladas).
Impacto do tarifaço e perspectivas de exportação

Até agosto, o “tarifaço” ainda não havia refletido no mercado doméstico, devido à expectativa de que os EUA isentassem o café da taxa, como ocorreu com o suco de laranja. Ao ser confirmado que o café não estava na lista de isenções, a cotação subiu na bolsa, pressionando o preço do grão no Brasil.

O analista da StoneX Brasil, Fernando Maximiliano, explica que o excedente de café brasileiro não destinado aos EUA será redirecionado para outros mercados, especialmente a Europa. “Grandes produtores, como a Colômbia, devem direcionar mais café para os EUA, abrindo espaço para exportações brasileiras à Europa”, afirma.

Estoques globais e efeito climático persistente

O cenário atual reflete um problema estrutural global: desde 2020, os principais produtores — Brasil, Vietnã e Colômbia — enfrentam problemas climáticos que dificultam a reposição de estoques e a oferta suficiente para atender a demanda mundial. “Um grande alívio só virá com safras maiores nestes países, especialmente no Brasil, que é o maior exportador mundial de café”, afirma Maximiliano.

Safra brasileira menor e de menor qualidade

Além do volume reduzido, a safra brasileira deste ano apresenta grãos menores e mais leves, exigindo maior quantidade para completar a saca de 60 kg, fator que pressiona ainda mais o preço.

O histórico recente mostra que entre 2020 e 2024, as produções foram afetadas por secas e geadas, elevando o preço da saca de arábica de cerca de R$ 600, em 2020, para aproximadamente R$ 2.500 neste ano. “O aumento é repassado ao consumidor final, pois a indústria precisa cobrir os custos e se manter no mercado”, conclui Maximiliano.

Fonte: Portal do Agronegócio

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