Publicado em: 17/06/2025 às 17:00hs
Após um ano marcado por seca severa e altas temperaturas, as lavouras de café das principais regiões produtoras do Brasil enfrentaram queda no potencial produtivo, especialmente no caso do café arábica. O cenário climático impactou diretamente a safra 2025, que mesmo em um ano de bienalidade negativa, deve apresentar crescimento de 2,7% em relação ao ciclo anterior, segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento).
Esse crescimento é puxado principalmente pela recuperação da produtividade do café conilon, com alta estimada em 28,3%. A boa performance da variedade conilon também é observada em outros grandes produtores, como Vietnã, Indonésia e Uganda, contribuindo para a queda dos preços futuros do robusta na Bolsa de Londres, que atingiram as mínimas em dez meses.
Na última sexta-feira (13), o mercado do robusta encerrou sua sétima semana consecutiva de baixa, a sequência mais longa desde o final de 2018. Segundo a analista de mercado da Hedgepoint Global Markets, Laleska Moda, esse movimento reflete a expectativa de alívio nas preocupações com a oferta global da variedade, mas os riscos climáticos ainda podem influenciar os contratos futuros.
Apesar da recuperação parcial do conilon, o arábica continua registrando déficits expressivos. Para o ciclo 2025/2026, a Archer Consulting estima um desequilíbrio entre oferta e demanda global de 8 a 15 milhões de sacas. O analista Marcelo Fraga Moreira alerta que uma possível equalização entre oferta e demanda poderá ocorrer apenas a partir da safra 2026/2027, dependendo principalmente do desempenho brasileiro.
De acordo com Fernando Maximiliano, analista da StoneX, o Brasil vem de cinco anos sem uma grande safra de café e, com isso, chega a 2025 com estoques reduzidos. A forte valorização do produto nos últimos anos fez com que a indústria adotasse um modelo de gestão just-in-time, operando com estoques mínimos para atender à demanda atual. A safra de 2025 pode aliviar a escassez, mas não será suficiente para recompor os estoques.
A escassez de oferta, aliada a uma elevação de 224% nos custos com matéria-prima para a indústria cafeeira, impactou fortemente o consumidor final. Segundo o IBGE, entre abril de 2024 e abril de 2025, o preço do café no Brasil subiu 80%, o que resultou em uma queda de 5,13% no consumo no varejo nos primeiros quatro meses deste ano, comparado ao mesmo período do ano anterior. Em abril de 2025, a retração foi de 15,96% em relação a abril de 2024.
O diretor executivo da ABIC (Associação Brasileira da Indústria de Café), Celírio Inácio da Silva, afirma que a matéria-prima representa cerca de 60% do custo do café torrado e moído. Com a elevação constante dos custos, o repasse ao consumidor tornou-se inevitável. Ainda assim, ele acredita que a tradição do consumo de café no Brasil garantirá certa estabilidade: “Vamos aproveitar a boa produtividade da safra de conilon para tentar evitar novos aumentos de preços ao consumidor”, conclui.
Fonte: Portal do Agronegócio
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