Publicado em: 30/07/2025 às 19:40hs
O setor cafeeiro do Brasil enfrenta um cenário de incertezas com a iminente entrada em vigor de uma tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, incluindo o café. A medida, prevista para começar nesta sexta-feira (1º), pode impactar diretamente as exportações do grão e pressionar o mercado interno.
A possibilidade de aumento das tarifas já movimenta agentes financeiros nas principais bolsas internacionais e afeta os preços domésticos do café. Segundo o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), os valores internos têm oscilado conforme os movimentos das Bolsas de Nova York e Londres, impulsionados por fundos especulativos que ampliam posições compradas na expectativa de valorização caso a tarifa seja de fato aplicada.
Apesar dessa volatilidade, os pesquisadores do Cepea afirmam que ainda não há confirmação de que as recentes quedas nos preços estejam diretamente relacionadas à nova política tarifária.
Os Estados Unidos são, atualmente, o maior mercado de exportação do café brasileiro. Em 2024, cerca de 23% do valor das exportações de café do Brasil tiveram como destino o território norte-americano, de acordo com a Comissão de Comércio Internacional dos EUA (USITC).
A Colômbia ocupa o segundo lugar no ranking com 17% das exportações para os EUA, seguida pelo Vietnã, com cerca de 4%. No segmento de café arábica, o Brasil lidera com ampla vantagem, mas a nova tarifa pode favorecer países concorrentes como a Colômbia, que seguirá isenta da taxação. O robusta do Vietnã, por sua vez, poderá ser tarifado com uma alíquota menor, de 20%, ainda em negociação com o governo norte-americano.
O Cepea alerta que a tarifa de 50% pode comprometer seriamente a competitividade do café brasileiro, não apenas no mercado dos EUA, mas globalmente. O grão brasileiro é fundamental na composição dos blends tradicionais consumidos pelos americanos, principalmente pela estabilidade sensorial e equilíbrio que proporciona.
Com a possível redução da presença brasileira nesse mercado, os consumidores nos Estados Unidos também poderão sentir os efeitos com mudanças nos preços e na qualidade final do produto.
Caso a medida seja mantida, o Brasil deverá buscar alternativas para escoar sua produção excedente. Para isso, será necessário acelerar adaptações logísticas, traçar novas estratégias comerciais e encontrar mercados alternativos.
Essas ações são vistas como essenciais para mitigar os prejuízos à cadeia produtiva nacional e evitar uma desvalorização prolongada do café, tanto no mercado interno quanto no internacional.
Fonte: Portal do Agronegócio
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