Publicado em: 26/05/2015 às 08:20hs
Frederico Schramm, conhecido como Seo Fritz, tem sete hectares de área plantada no município de Governador Lindenberg, no noroeste do estado. A cada ano vem renovando o cafezal, investindo em adubação, novas variedades e irrigação por gotejamento. Essas medidas ajudaram a não sofrer as consequências da seca que atingiu a região.
Ele está otimista com essa safra e espera colher 120 sacas por hectare. Isso é acima da média capixaba, de 35 sacas por hectare. Segundo o agricultor, metade do custo de produção é com a mão de obra. Este ano, ele contratou 18 colhedores no início da colheita. “Ano passado foi difícil a mão de obra. Este ano está sendo mais fácil, porque a produção na região caiu muito. Então ta sobrando mão de obra”, explica.
O colhedor tem que puxar os grãos do pé, que caem na peneira, ou em uma lona estendida na terra. Ainda separa os galhos e folhas que vem junto. Eles ganham por produção. Quanto mais encher a sacaria, melhor. Por isso, deixam para fazer a poda dos ramos um mês depois.
Essa técnica é fundamental para garantir uma boa floração na próxima safra, como explica o agrônomo José Lani. “Primeiro porque você elimina a parte de ferrugem, que é fonte de nó. E outro porque, se eu tirar só o grão e não tirar o ramo, a planta vai continuar gastando nutrientes para manter esse ramo. Se eu tiro, a planta vai fazer novos lançamentos e vou ter uma maior produtividade no próximo ano.”
Mas uma novidade tecnológica surgiu para modificar esse manejo. Nesta safra, alguns produtores de café conilon do Espírito Santo estão testando o uso de uma máquina que entra no cafezal na hora da colheita. Não é que a máquina faça a colheita do café. O que ela possibilita, é a junção de duas etapas desse processo de uma vez só.
Com a máquina, a poda é feita ao mesmo tempo. Os colhedores cortam os ramos inteiros com o facão. Cai tudo direto na lona e a máquina faz o serviço de recolhimento. A derriça do café também é feita dentro da máquina. Folhas e galhos vão para um lado, onde são triturados, e os grãos saem limpos do outro.
Os trabalhadores rurais aprovaram a máquina. “Estou achando bom porque você consegue fazer uma colheita com mais rapidez, e a gente ganha, além do salário, mais a comissão por pé de café”, diz Antonio Soares. Eles não têm medo de perder o lugar para a máquina. “Depois da colheita o trabalho continua na lavoura. O café dá serviço pra gente o ano todo.”
A tecnologia foi desenvolvida pelo Incaper, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural. Mas quem fabrica a máquina é uma empresa de implementos agrícolas, que adaptou o equipamento da colheita do feijão.
Bento Venturini foi um dos primeiros compradores. Pagou R$ 160 mil para usar em pelo menos 40% dos 120 hectares. Agora, ele está renovando o cafezal, com uma nova variedade, que produz a mesma quantidade de grãos, com menos hastes, como explica o coordenador do programa de cafeicultura do Incaper Romário Ferrão: “ao invés de deixar quatro hastes por planta, ele deixou duas hastes. Menos hastes para a planta ficar mais ereta. Esse manejo novo é para realmente criar uma condição mais favorável para a sua colheita.”
Fonte: Globo Rural
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