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Nova máquina ajuda agricultores na safra do café conilon no ES

O Espírito Santo está colhendo a safra de café conilon, que este ano deve ser menor por causa da seca, cerca de 68% da produção. São 40 mil propriedades, a maioria de pequenos cafeicultores


Publicado em: 26/05/2015 às 08:20hs

Nova máquina ajuda agricultores na safra do café conilon no ES

Frederico Schramm, conhecido como Seo Fritz, tem sete hectares de área plantada no município de Governador Lindenberg, no noroeste do estado. A cada ano vem renovando o cafezal, investindo em adubação, novas variedades e irrigação por gotejamento. Essas medidas ajudaram a não sofrer as consequências da seca que atingiu a região.

Ele está otimista com essa safra e espera colher 120 sacas por hectare. Isso é acima da média capixaba, de 35 sacas por hectare. Segundo o agricultor, metade do custo de produção é com a mão de obra. Este ano, ele contratou 18 colhedores no início da colheita. “Ano passado foi difícil a mão de obra. Este ano está sendo mais fácil, porque a produção na região caiu muito. Então ta sobrando mão de obra”, explica.

O colhedor tem que puxar os grãos do pé, que caem na peneira, ou em uma lona estendida na terra. Ainda separa os galhos e folhas que vem junto. Eles ganham por produção. Quanto mais encher a sacaria, melhor. Por isso, deixam para fazer a poda dos ramos um mês depois.

Essa técnica é fundamental para garantir uma boa floração na próxima safra, como explica o agrônomo José Lani. “Primeiro porque você elimina a parte de ferrugem, que é fonte de nó. E outro porque, se eu tirar só o grão e não tirar o ramo, a planta vai continuar gastando nutrientes para manter esse ramo. Se eu tiro, a planta vai fazer novos lançamentos e vou ter uma maior produtividade no próximo ano.”

Mas uma novidade tecnológica surgiu para modificar esse manejo. Nesta safra, alguns produtores de café conilon do Espírito Santo estão testando o uso de uma máquina que entra no cafezal na hora da colheita. Não é que a máquina faça a colheita do café. O que ela possibilita, é a junção de duas etapas desse processo de uma vez só.

Com a máquina, a poda é feita ao mesmo tempo. Os colhedores cortam os ramos inteiros com o facão. Cai tudo direto na lona e a máquina faz o serviço de recolhimento. A derriça do café também é feita dentro da máquina. Folhas e galhos vão para um lado, onde são triturados, e os grãos saem limpos do outro.

Os trabalhadores rurais aprovaram a máquina. “Estou achando bom porque você consegue fazer uma colheita com mais rapidez, e a gente ganha, além do salário, mais a comissão por pé de café”, diz Antonio Soares. Eles não têm medo de perder o lugar para a máquina. “Depois da colheita o trabalho continua na lavoura. O café dá serviço pra gente o ano todo.”

A tecnologia foi desenvolvida pelo Incaper, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural. Mas quem fabrica a máquina é uma empresa de implementos agrícolas, que adaptou o equipamento da colheita do feijão.

Bento Venturini foi um dos primeiros compradores. Pagou R$ 160 mil para usar em pelo menos 40% dos 120 hectares. Agora, ele está renovando o cafezal, com uma nova variedade, que produz a mesma quantidade de grãos, com menos hastes, como explica o coordenador do programa de cafeicultura do Incaper Romário Ferrão: “ao invés de deixar quatro hastes por planta, ele deixou duas hastes. Menos hastes para a planta ficar mais ereta. Esse manejo novo é para realmente criar uma condição mais favorável para a sua colheita.”

Fonte: Globo Rural

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