Café

Mulheres do Sul de Minas ganham destaque na cafeicultura entre desafios e sucessão familiar

No Sul de Minas, a participação feminina na cafeicultura vem se consolidando com histórias de pioneirismo, superação e reconhecimento. Duas produtoras exemplares mostram como a dedicação e o conhecimento, muitas vezes transmitidos pela família, têm transformado o setor na região


Publicado em: 24/07/2025 às 11:46hs

Mulheres do Sul de Minas ganham destaque na cafeicultura entre desafios e sucessão familiar
Maria José Bernardes: pioneirismo e reconhecimento em Varginha

Maria José Vilela Rezende Bernardes aprendeu os cuidados com a lavoura ainda criança, acompanhando o pai na Fazenda dos Tachos, em Varginha. Após a perda do pai e do irmão, ela assumiu a gestão da fazenda, tornando-se a primeira mulher a atuar na cafeicultura do município.

"Há 33 anos, eu era a única mulher nas reuniões e eventos do setor. Aos poucos conquistei meu espaço e busquei aprimorar o cultivo com cursos e palestras. Hoje, nosso café é certificado pelo Certifica Minas e já foi premiado em concursos estaduais e regionais", relata Maria José.

Com o apoio do marido, do filho e de três funcionários, ela cuida de 50 hectares de lavoura. A comercialização do café torrado e especial é feita por meio de cooperativas e parceiros. A família também investe em turismo rural, recebendo visitantes para café da manhã na fazenda.

Lucélia Araújo: paixão e inovação em Campos Gerais

Em Campos Gerais, Lucélia de Carvalho Araújo aprendeu a cultivar café com o marido, Klayton Paiva de Araújo, que herdou a plantação do pai no Sítio Santa Cruz. A produção inicialmente pequena ganhou novo impulso após desafios financeiros e de gestão.

"Meu cunhado sugeriu investir em cafés especiais. Apesar da resistência inicial, me aprofundei no tema e, com a excelente pontuação do primeiro lote, vimos o potencial para criar nossa própria marca", conta Lucélia.

Hoje, o café especial da família é vendido em cafeterias, empórios, cooperativas, supermercados e lojas online. Além da produção, a família administra uma cafeteria e um restaurante. Para Lucélia, o maior desafio é equilibrar as responsabilidades profissionais com as demandas da vida doméstica e familiar.

Presença feminina na cafeicultura do Sul de Minas

Adalise Dayane Vieira da Silveira, coordenadora técnica regional da Emater-MG, ressalta que a cafeicultura é fundamental para a economia local e que o protagonismo das mulheres tem crescido na região.

“A história de Maria José e Lucélia representa muitas outras produtoras do Sul de Minas. A presença feminina é essencial para a melhoria da qualidade dos grãos, para o bem-estar das comunidades rurais, para a gestão familiar e para a transmissão de conhecimento entre gerações”, destaca.

Desafios e apoio técnico para as produtoras

Apesar dos avanços, a coordenadora destaca que as mulheres ainda enfrentam desigualdade de gênero, sobrecarga de trabalho e baixa representatividade em associações e cooperativas, limitando seu protagonismo na cafeicultura e no setor rural.

Para reverter esse cenário, a Emater-MG, em parceria com diversas instituições, realiza ações de assistência técnica, capacitações, encontros e concursos específicos para mulheres produtoras, promovendo o fortalecimento e a valorização do trabalho feminino no campo.

Fonte: Portal do Agronegócio

◄ Leia outras notícias