Publicado em: 16/10/2025 às 18:40hs
Em setembro, o mercado de café manteve alta volatilidade, com o arábica ajustando-se após fortes valorizações e o robusta sustentado por preocupações climáticas no Vietnã. O retorno das chuvas no Brasil e sinais de possível redução das tarifas americanas trouxeram algum alívio, mas os efeitos do “tarifaço” ainda pressionam o mercado.
O café arábica iniciou setembro em trajetória de alta, moderando a escalada intensa de agosto. No início de outubro, o primeiro vencimento foi negociado entre USD 3,70 e 3,80 por libra-peso. O robusta, na Bolsa de Londres, permaneceu em torno de USD 4,5 mil por tonelada, acumulando alta de 1,7% desde o início do mês, impulsionado por rumores de possíveis impactos de tufões no Vietnã, justamente no período de maturação e início da colheita.
Além dos ajustes técnicos, o retorno das chuvas no Brasil contribuiu para a correção dos preços do arábica. Paralelamente, sinais de aproximação entre os presidentes dos EUA e do Brasil reforçaram expectativas de eventual redução das tarifas americanas sobre o café brasileiro.
Enquanto isso, com as tarifas ainda vigentes, importadores americanos têm postergado contratos, e o preço ao consumidor nos EUA segue em alta. Dados de inflação indicam que a bebida encareceu 21% em agosto, em termos anualizados, a maior variação desde 1997, segundo o Financial Times.
Segundo o Cecafé, o Brasil exportou 3,75 milhões de sacas de café em setembro, 18% menos que no mesmo mês de 2024. A retração reflete maior disponibilidade interna de grãos e o fraco fluxo para os EUA, cujos embarques recuaram 52% na mesma base de comparação.
O mercado se prepara para semanas decisivas, com o clima favorável podendo impulsionar a safra 2025/26 e as negociações sobre tarifas americanas trazendo incertezas. Modelos climáticos indicam bons acumulados de chuva até dezembro, essenciais para o pegamento das floradas, que é o primeiro passo para uma produção robusta de arábica no próximo ano.
Apesar de estoques abastecidos e preços atrativos, a volatilidade permanece, exigindo estratégias de fixação de preços e atenção ao câmbio para manter competitividade.
O tema das tarifas continua sendo determinante. A manutenção das taxas afeta diretamente o preço ao consumidor nos EUA, enquanto reduz a margem do produtor brasileiro, mesmo diante de preços historicamente atrativos. A normalização das vendas para o maior mercado consumidor global é estratégica tanto para o Brasil quanto para os EUA.
Embora a safra brasileira de arábica 2025/26 tenha ficado abaixo do esperado e o balanço global esteja apertado, os armazéns permanecem abastecidos. A expectativa é de mercado volátil no curto prazo, com oportunidades para fixações que garantam boas margens ao produtor, incluindo estratégias de proteção cambial.
Fonte: Portal do Agronegócio
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