Publicado em: 19/11/2025 às 18:40hs
O Agro Mensal, relatório da Consultoria Agro do Itaú BBA, traz uma análise detalhada sobre o desempenho recente do mercado de café, destacando que, mesmo com o retorno das chuvas nas regiões produtoras, os preços do café arábica continuaram em alta nas bolsas internacionais.
Em Nova York, as cotações do arábica avançaram 1% em outubro e 3% na primeira quinzena de novembro, após fortes ganhos nos meses anteriores — 15% em agosto e 13% em setembro. A consultoria aponta que a valorização reflete o elevado patamar dos contratos de primeiro vencimento, cotados próximos de US$ 4 por libra-peso, com tendência de alta moderada devido ao otimismo com as condições climáticas e à expectativa, ainda não confirmada, de retirada das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Enquanto o arábica manteve o movimento de valorização, o mercado de robusta, negociado em Londres, apresentou estabilidade em outubro e na primeira metade de novembro, girando em torno de US$ 4.500 por tonelada.
O Itaú BBA destaca que a devolução parcial dos ganhos recentes ocorreu após a confirmação de que o tufão que atingiu o Vietnã não prejudicou as principais regiões cafeeiras. Além disso, a colheita vietnamita — o maior produtor mundial de robusta — aumentou a oferta global, pressionando as cotações.
No Brasil, a recente apreciação do câmbio reduziu o potencial de ganhos nas cotações internas. Em 14 de novembro, o café arábica foi negociado próximo de R$ 2.200 por saca, enquanto o conilon (robusta brasileiro) registrou cerca de R$ 1.300 por saca.
A valorização do real frente ao dólar afetou a competitividade das exportações, que recuaram significativamente. Em outubro, os embarques somaram 4,14 milhões de sacas, queda de 20% em relação ao mesmo mês de 2024, com destaque para a redução de 50% nas vendas aos Estados Unidos. No acumulado da safra 2025/26 (de julho a outubro), as exportações estão 20% menores que no mesmo período do ciclo anterior.
O relatório enfatiza que a esperada retirada das tarifas americanas sobre o café brasileiro não se concretizou. Os Estados Unidos eliminaram apenas a tarifa recíproca de 10% para todos os países produtores, mas mantiveram o imposto de 40% sobre o café do Brasil, enquanto outras origens agora têm tarifa zero.
Essa decisão, segundo o Itaú BBA, traz apenas um pequeno alívio aos importadores norte-americanos, mas mantém o Brasil em desvantagem competitiva, reduzindo o ritmo das exportações e limitando a liquidez do setor.
Apesar do retorno das chuvas em novembro, as precipitações foram insuficientes em outubro no cerrado mineiro, uma das principais regiões produtoras do país. O sul de Minas, por sua vez, teve situação um pouco melhor. A irregularidade hídrica pode comprometer o pegamento das primeiras floradas registradas em setembro.
Ainda assim, o Itaú BBA mantém perspectiva positiva para a safra 2026/27, projetando produção superior à atual, desde que as chuvas nos próximos meses se mantenham dentro da normalidade.
Mesmo diante das incertezas, os preços ao produtor seguem atrativos, permitindo boas margens para fixações. No entanto, a curva futura indica tendência de preços mais baixos em 2026, o que exige atenção redobrada dos produtores na gestão de riscos e na estratégia de comercialização.
O Itaú BBA reforça que o cenário do café continua carregado de volatilidade, com desafios ligados à recuperação da produção brasileira, à manutenção das tarifas norte-americanas e ao risco de moderação no consumo global devido aos preços elevados.
Fonte: Portal do Agronegócio
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