Café

'Mecanizar é baratear custos', garante produtor de 3 milhões de pés de café

O produtor Guilherme Vilela Miranda é um típico homem do café. Vindo de uma família que há três gerações vive do cultivo do grão, ele está entre os maiores produtores de Três Pontas (MG)


Publicado em: 09/06/2014 às 16:20hs

'Mecanizar é baratear custos', garante produtor de 3 milhões de pés de café

O produtor Guilherme Vilela Miranda é um típico homem do café. Vindo de uma família que há três gerações vive do cultivo do grão, ele está entre os maiores produtores de Três Pontas (MG). Nesta sexta-feira (6), Miranda visitou a Expocafé para conferir as novidades do setor. O produtor se orgulha de ter começado o processo de mecanização em sua fazenda há 20 anos e agora está com quase 100% dos trabalhos automatizados.

"Ao longo dos anos fui mudando todo o perfil das lavouras. Hoje tenho 97% das lavouras mecanizadas, estou me aproximando dos 100%, foi uma forma que encontrei de baratear o custo do café", diz o produtor.

Discreto, Guilherme Miranda prefere não revelar números, mas hoje cultiva uma área equivalente a mil hectares, com cerca de três milhões de pés plantados. Ele vê na tecnologia, uma grande aliada para os desafios que os produtores precisam enfrentar no campo.

Produtor vê a tecnologia como maior aliada do produtor de café atualmente (Foto: Lucas Soares / G1)Produtor vê a tecnologia como maior aliada do produtor de café atualmente (Foto: Lucas Soares / G1)

"Nós viemos de uma época arcaica, até os anos 1970. Hoje você já tem tecnologia para fazer toda a colheita, o processamento e a cada dia isso vai aumentar mais. Principalmente agora que o foco é aquele café que fica no chão, para você levantar esse café e aproveitar ao máximo a produção. O processo de mecanização aconteceu no mundo inteiro, começando na Europa e Estados Unidos e hoje nós estamos indo no mesmo sentido", explica Miranda.

A solução é racionalizar a produção, investir muito em qualidade de grãos, por que você tem mercado para o café de qualidade, que o Brasil infelizmente nunca ligou"

Guilherme Vilela Miranda, produtor de café

Mesmo podendo ser considerado um dos maiores produtores de café do Brasil, Guilherme Miranda diz que não está alheio ao momento vivido pelos demais produtores. Segundo ele, racionalizar a produção seria uma das formas de driblar as dificuldades do meio.

"O café melhorou um pouco, mas foi justamente por causa de um problema, que foi a seca. O que está acontecendo é que a cada dia tem ficado mais cara a produção e se você não tem a produtividade, que foi o que aconteceu com a falta de água, você vai ter um custo mais elevado. O grande produtor também sofre, quanto mais você produz, mais prejuízo vai ter. A solução é racionalizar a produção, investir muito em qualidade de grãos, por que você tem mercado para o café de qualidade, que o Brasil infelizmente nunca ligou", diz Guilherme.

Em relação ao Sul de Minas, o produtor diz que ainda há muito a ser explorado em relação a qualidade.

"O Sul de Minas é muito complexo. Você tem áreas planas, áreas de montanhas, então você tem um café de altíssima qualidade, mas não tem produtividade ou não tem maneira de colher. É uma região que vive de café há muitos e muitos anos e está investindo demais. Por isso vejo que vai ter futuro. Você baixando o custo, tentando levar a qualidade, você vai ter resultado, não tem maneira de errar, só que vai ter muito trabalho", finaliza o produtor.

Fechamento

A 17ª edição da Expocafé terminou nesta sexta-feira (6). Ao todo, 140 expositores levaram cerca de 300 produtos ao público. Segundo a organização, cerca de 22 mil pessoas passaram pelo evento e a estimativa de fechamento de negócios girava em torno de R$ 215 milhões.

Segundo o presidente da Cooperativa dos Cafeicultores da Zona de Três Pontas (Cocatrel), Francisco Miranda, o resultado foi positivo.

“Este ano tivemos um incremento de público e de negócio de 10% em relação à edição do ano passado. Tivemos o desafio de realizar a 17ª edição da Expocafé. Ficamos honrados com isso. Recebemos muitos retornos positivos de expositores que manifestaram a satisfação de terem participado desta edição e já confirmaram a presença no próximo ano”, comemorou.