Café

Matéria-prima brasileira turbina exportação suíça de cafés industrializados

Eis que o café desponta como o principal produto agroalimentar exportado pela Suíça, país reputado pelos Alpes repletos de neve e obviamente sem um único pé de café plantado, em mais uma situação que ilustra uma das faces polêmicas do comércio mundial


Publicado em: 23/10/2013 às 16:10hs

Matéria-prima brasileira turbina exportação suíça de cafés industrializados

Dados publicados ontem pelo governo suíço mostram que as importações de café do país somaram 515 milhões de francos suíços entre janeiro e setembro deste ano, ou cerca de US$ 570 milhões ao câmbio atual. O maior fornecedor foi o Brasil, com 23% do total, seguido pela Colômbia, com 15%.

Com a matéria-prima na mão, os suíços processaram café para seu próprio consumo e ainda exportaram o equivalente a 1,6 bilhão de francos suíços (US$ 1,8 bilhão) nos três primeiros trimestres do ano. É mais que o dobro do que o país exportou em chocolates (550 milhões de francos) e em queijos (400 milhões de francos).

E o crescimento das exportações suíças de café em relação a igual intervalo do ano passado chegou a 23,3%, em comparação com os pálidos 9% registrados pela indústria relojoeira helvética.

A exemplo de Alemanha e Itália, o que a Suíça faz é importar o café em grão, com tarifa baixa ou nula, estimulando a indústria local. As empresas fazem o processamento, marketing e depois reexportam o produto, com lucros polpudos.

A Organização Internacional do Café (OIC) calcula que as empresas desses países obtêm lucro de 74%, em média, em relação ao que pagam pelas importações.

Mas se o Brasil, maior produtor mundial de café, quiser também vender diretamente o café processado e ganhar mais, terá dificuldades. É que a alíquota que incide sobre o produto com valor agregado pesa bem mais e desestimula concorrentes.

É o que se chama, no comércio internacional, de "escalada tarifária" - que, de certa forma, tenta perpetuar países produtores como meros fornecedores de matéria-prima. As negociações de novas regras na Organização Mundial do Comércio (OMC) têm esse tema na agenda, sem avanço.

De janeiro e setembro, a Suíça registrou superávit comercial de 19,1 bilhões de francos suíços (US$ 21,2 bilhões), resultado de exportações de 150 bilhões de francos e de importações de 131 bilhões.

Com o Brasil, o superávit helvético é enorme: exportou US$ 1,77 bilhão (quase US$ 2 bilhões) até setembro, ante 629 milhões de francos em importações.

Fonte: Canal do Produtor

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