Café

Leilão de socorro a café será na próxima sexta

Cafeicultores aprovam medida, mas dizem que ela veio tarde demais


Publicado em: 10/09/2013 às 14:00hs

Leilão de socorro a café será na próxima sexta

Demorou, mas o tão aguardado socorro anunciado pela presidente Dilma Rousseff para o café começa a sair do campo das promessas. Na próxima sexta-feira, o governo fará o primeiro de três leilões de opção de compra, para retirar 3 milhões de sacas do mercado e tentar jogar o preço para cima. “Teremos outros dois leilões nos dias 20 e 27 de setembro”, anunciou o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, na abertura da Semana Internacional do Café, que acontece em Belo Horizonte até o dia 13.

O leilão é um instrumento para permitir que o produtor estoque parte da produção, reduzindo a oferta e pressionando o preço para cima. Só no primeiro semestre deste ano, segundo a Secretaria de Estado de Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Seapa), os preços reais da saca de café em Minas acumularam queda de 16,3%.

O governo promete comprar cada saca a R$ 343. Ao todo, serão desembolsados cerca de R$ 1 bilhão. Além dos contratos de opção de compra, também foram anunciados recursos para financiamento e estocagem, que somam, ao todo, R$ 5,8 bilhões.

“Esperamos retirar 13 milhões de sacas do mercado com esse plano e fazer os preços de venda ficarem compatíveis com o custo”, destacou Andrade.

Para os produtores, a ajuda é bem vinda, mas não chegou a tempo de impedir prejuízos. Segundo o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Roberto Simões, a demora atrapalhou, pois, como a colheita começa no mês de abril, em setembro muitos produtores já venderam o café, a preços baixos. “Como dizia Guimarães Rosa, ‘antes com tardança do que com destempo’, mas a agricultura tem prazos que precisam ser respeitados. Esperamos que haja reação imediata nos preços”, disse.

“O que resolve é a medida no tempo certo. Café é um ser vivo, tem que comer na hora certa. O orçamento de R$ 5,8 bilhões já havia sido anunciado no início do ano, mas demorou a ser liberado e muitos produtores se endividaram”, disse o presidente das comissões de café da Faemg e da Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), Breno Mesquita.

Para o presidente da Associação dos Sindicatos dos Produtores Rurais do Sul de Minas (Assul), Arnaldo Bottrel Reis, a politicagem falou mais alto e contribuiu para o atraso. Ele lembra que, em 5 de agosto, o Ministério da Agricultura convidou a cúpula da cafeicultura nacional para ir à Brasília, onde seriam anunciadas medidas emergenciais para o setor.

“Fomos até lá, cerca de 150 representantes do setor de café de todo o Brasil. Chegamos às 16h e, às 18h15, o ministro pediu desculpas e disse que não faria o anúncio naquele dia. Uma perda de tempo e dinheiro. Cerca de uma semana depois, a presidente Dilma fez o anúncio oficial em Varginha, no Sul de Minas. Se as medidas eram emergenciais, por que esperar um momento político?”, questionou Reis.

Gasto é alto, diz produtor

O preço médio do café pago ao produtor é de R$ 280 por saca. Entretanto, os gastos para produzir cada saca têm girado acima dos R$ 300, dependendo da região. Em alguns casos, chegam a ultrapassar R$ 340.

Segundo o presidente da Cooperativa Regional dos Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino, a conta não fecha. “Nós exportamos mais do que o esperado, mas o mercado não reagiu e, mesmo vendendo mais, o faturamento foi menor”, disse.

O Tempo