Publicado em: 03/12/2025 às 20:00hs
A atualização das Perspectivas 2025/26, divulgada pela Consultoria Agro do Itaú BBA, apresenta uma análise abrangente sobre o setor cafeeiro e projeta uma colheita mais robusta para 2026, impulsionada pelo desempenho das lavouras de arábica. O estudo, no entanto, destaca que o clima segue como principal fator de risco, especialmente para as regiões mais sensíveis às variações de temperatura e precipitação.
O relatório aponta que o ano de 2025 foi novamente marcado por um período seco prolongado, com cerca de sete meses de estiagem, semelhante ao registrado em 2024. A diferença, porém, foi o registro de temperaturas mais baixas, o que atenuou parte dos impactos negativos sobre as lavouras.
Após um outubro com chuvas escassas e floradas atrasadas, o retorno das precipitações em novembro, aliado às temperaturas mais amenas, contribuiu para uma recuperação satisfatória do pegamento dos frutos.
Com esse cenário, a consultoria estima que a safra 2026 deve superar a de 2025, cuja produção foi calculada em 62,8 milhões de sacas de 60 kg, sendo 38,7 milhões de arábica e 24,1 milhões de robusta.
Segundo o Itaú BBA, o avanço técnico da cafeicultura foi favorecido por relações de troca mais vantajosas entre café e insumos agrícolas ao longo de 2025. Essa condição, aliada à maior capitalização dos produtores, permitiu investimentos em tratos culturais e melhoria das condições das lavouras.
Com bom volume de chuvas até abril, o ciclo 2026/27 se apresenta potencialmente mais produtivo. No entanto, o relatório ressalta que a ocorrência de veranicos ou mudanças bruscas no regime de chuvas pode comprometer parte das projeções.
“Para que a expectativa de uma boa safra se concretize, é essencial que o clima permaneça favorável nos próximos meses”, destaca o Itaú BBA.
Mesmo com o Brasil caminhando para uma safra mais volumosa, a consultoria projeta que a oferta global de café continuará relativamente apertada, o que deve impedir quedas acentuadas nos preços internacionais.
Por outro lado, há espaço para crescimento da produção em outros países e uma possível moderação no consumo global, impactado pelos altos preços ao consumidor final. Esses fatores devem manter os preços em níveis estáveis, porém mais ajustados em relação aos atuais.
O relatório recomenda que os produtores aproveitem o momento favorável para realizar fixações de preços, assegurando boas margens de rentabilidade diante da volatilidade do mercado.
A consultoria prevê que o balanço global de café em 2026 será de leve superávit, o que, combinado com a instabilidade climática, tende a manter a volatilidade elevada nas cotações.
Nesse cenário, o Itaú BBA reforça a importância de gestão de risco eficiente, tanto para produtores quanto para traders e indústrias, de forma a garantir proteção financeira diante de possíveis oscilações.
Outro ponto destacado pelo relatório é a retirada das tarifas sobre o café verde brasileiro nos Estados Unidos, o que deve favorecer a retomada dos fluxos comerciais para o país norte-americano.
Ainda assim, o Itaú BBA projeta que o volume total exportado até junho de 2026 será menor, reflexo da menor disponibilidade inicial de grãos e da logística ajustada nas origens produtoras.
Fonte: Portal do Agronegócio
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