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Irrigação, manejo fitossanitário e conservação do solo e da água são parte do VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil

Irrigação iniciou as discussões da tarde do último dia do VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil, de 25 a 28 de novembro em Salvador-BA


Publicado em: 29/11/2013 às 16:40hs

Irrigação, manejo fitossanitário e conservação do solo e da água são parte do VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil

O gerente de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Café, Antonio Guerra, abriu a mesa- redonda sobre o tema a palestra “Inovações nos sistemas de cultivo de café: busca constante de competitividade e sustentabilidade” desenvolvidas pela Embrapa Cerrados no âmbito do Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café, para as regiões de Cerrado no Brasil.

A primeira delas foi a irrigação de café com estresse hídrico controlado, que “consiste na suspensão da irrigação por cerca de 70 dias no período mais seco do ano para sincronizar, uniformizar o desenvolvimento dos botões florais e, consequentemente dos frutos, o que garante 7% a 12% de ganho em produtividade e menos variação de seus índices de um ano para outro – o que reduz a bienalidade da cultura - e um café de mais qualidade”.

Segundo enfatizou Guerra, a prática do estresse hídrico controlado não custa nada mais ao produtor e ainda traz redução dos custos de água e energia, em média de 33%, economia no processo de colheita, inclusive com mão de obra, e uma visão sustentável do agronegócio tanto do ponto de vista ambiental como da competitividade. “O uso do estresse hídrico controlado para uniformização de florada do cafeeiro e, consequentemente de maturação, é um processo tecnológico que também permite a obtenção de 85% ou mais de frutos cerejas no momento da colheita, maximizando a produção de cafés especiais, de maior valor de mercado. Além disso, disso, garante redução de 20% para 10% de grãos mal formados e de 40% na operação de máquinas e no uso de água e energia, além de diminuir risco de doenças associadas a alta umidade”.

O pesquisador também falou sobre o programa de monitoramento de irrigação, a aplicação de doses mais elevadas de fósforo na cultura e o cultivo da braquiária nas entrelinhas do cafeeiro. Todas essas tecnologias foram validadas na fazenda Lagoa do Oeste e Rio de Janeiro, na Bahia. O consultor técnico Rafael Ferreira explicou como o manejo da água com o uso do estresse hídrico controlado (adotado 100% nessas fazendas) e o programa de monitoramento de irrigação foi testado e aprovado.

O professor da Universidade de Uberaba – Uniube, André Fernandes falou sobre Manejo Racional da Irrigação do Cafeeiro e seus problemas. Segundo ele, somente 5% das lavouras brasileiras é irrigada, cenário que afeta a agricultura como um todo no Brasil. Fernandes acredita ser possível aumentar as áreas irrigadas, mas esbarra-se em legislações ambientais e questões de concessão de outorgas e que é necessário trabalho de convencimento sobre tecnologias de irrigação sustentáveis para vencer as barreiras hoje encontradas.

Da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Uesb, veio o professor Hugo Andrade Costa que falou sobre a crítica situação de seca em Barra do Choça que tem causado inclusive racionamento de água em Vitória da Conquista. “Falta-nos barramentos para sobreviver à situação de preços baixos. Não se leva em conta as necessidades dos produtores e de toda a cadeia de produção envolvida com a cultura do café. Há ausência de política agrícola de incentivo, o que tem tornado insustentável a situação, agravada ainda pela atual crise”.

Oficina - Os pesquisadores Julio Cesar Dias Chaves e Armando Androcioli Filho, ambos do Instituto Agronômico do Paraná – Iapar conduziram a oficina intitulada “Manejo e conservação do solo e das águas para a cafeicultura”. De acordo com Julio, coordenador da oficina, a forma mais eficiente de reduzir danos por erosão é a cobertura adequada do solo, atingida por meio do plantio de outras espécies nas entrelinhas do cafeeiro. “Nenhuma outra prática garante o mesmo resultado. O mato é um aliado se você souber fazer o manejo adequado”, afirmou o pesquisador. Além de reduzir a erosão, a prática reduz também a perda da água por evaporação.

A adubação verde consiste no aproveitamento de plantas cultivadas ou crescidas espontaneamente no local ou importadas. Suas biomassas são, preferencialmente, deixadas na superfície do solo com a finalidade de preservar e melhorar a fertilidade das terras agrícolas. A adubação verde consiste fundamentalmente em três linhas: cobertura do solo, suprimento de nitrogênio e outros nutrientes e melhoria na fertilidade do solo.

Julio Cesar exibiu imagens de algumas espécies cultivadas nas entrelinhas de cafezais, como o amendoim cavalo, a leucena e a sibipiruna, e comentou estudos realizados pelo Iapar com foco na temperatura no solo, no crescimento de raízes, e na relação cobertura versus nutrição da planta. O pesquisador analisou ainda a quantidade de biomassa nitrogênio e carbono na arborização com leucema e sibipiruna. “Aumentar a quantidade de matéria orgânica é a chave para a melhoria do solo”, afirmou Julio. Nesse mesmo estudo realizado pelo Iapar, com adubo verde, os pesquisadores também mediram os níveis de infiltração e retenção de água no solo.

O pesquisador Armando Androcioli, relator da palestra, citou trabalho realizado pelo Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – Incaper que comprova a eficácia do uso de adubo verde como prática fundamental para evitar perda de solo também em áreas de alta declividade.

Sobre o Simpósio - O Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil é realizado a cada dois anos pelo Consórcio Pesquisa Café, coordenado pela Embrapa Café. O principal objetivo do evento é promover ampla discussão com a comunidade científica e com representantes dos diversos setores da cadeia produtiva do café sobre conceitos modernos de produção para estimular debates permanentes de temas relacionados ao agronegócio café, que visem garantir o aumento da competitividade, melhoria da qualidade do produto e a sustentabilidade do setor cafeeiro, com inclusão social. O público-alvo constitui-se de pesquisadores, técnicos, professores, estudantes universitários, extensionistas, lideranças de associações e cooperativas, empresários, cafeicultores e demais segmentos interessados no desenvolvimento do agronegócio café, imprensa especializada e comunidade em geral, do país e do exterior. Essa é a 8ª. Edição do evento. O tema deste ano é “Sustentabilidade e inclusão Social”.

Fonte: Assessoria de Imprensa do VIII Simpósio de Pesquisa dos Cafés do Brasil

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