Publicado em: 03/07/2025 às 19:20hs
O Brasil deixou de embarcar 356.322 sacas de 60 kg de café em maio de 2025 devido à infraestrutura portuária defasada. O volume representa cerca de 1.080 contêineres e causou um prejuízo de R$ 2,686 milhões aos exportadores, em razão de custos extras com armazenagem, detentions, pré-stacking e antecipação de gates, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Desde junho de 2024, quando o Cecafé iniciou o monitoramento dessas perdas, os prejuízos acumulados chegam a R$ 75,919 milhões, causados exclusivamente por problemas logísticos nos principais portos brasileiros.
Além dos custos adicionais para as empresas, a impossibilidade de embarcar o café em maio impediu o ingresso de US$ 154,63 milhões (equivalente a R$ 876,28 milhões) em receita cambial, considerando o valor médio de exportação Free on Board (FOB) de US$ 433,97 por saca e a cotação média do dólar de R$ 5,6668 no mês.
Apesar de uma leve redução no volume de cargas paradas em comparação com meses anteriores, o diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, alerta que o cenário segue crítico. Segundo ele, essa diminuição está relacionada ao fim da entressafra do café, mas a situação tende a se agravar com a chegada da nova safra entre junho e julho. “Certamente veremos novos e crescentes atrasos de embarques e prejuízos aos exportadores, com pátios lotados, pois a infraestrutura portuária permanece a mesma, ao passo que as cargas que demandam contêineres, como algodão, açúcar e o próprio café, seguem crescendo”, afirma Heron.
O diretor destaca que, embora existam investimentos previstos — como o leilão do Tecon Santos 10, a concessão do canal de entrada marítima do porto, o túnel Santos-Guarujá e a terceira via da Rodovia Anchieta —, as obras levarão cerca de cinco anos para serem concluídas, mesmo sob condições normais. Além disso, Heron critica a decisão da ANTAQ de restringir a participação de armadores no leilão do Tecon Santos 10, contrariando diretrizes técnicas da própria agência. Segundo ele, isso pode aumentar o risco de judicialização e ampliar os prejuízos do setor.
De acordo com o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 56% dos navios destinados à exportação de café sofreram atrasos ou alterações de escala em maio. No total, foram 169 embarcações afetadas em um universo de 300.
No Porto de Santos, responsável por 80,8% dos embarques entre janeiro e maio, o índice de navios com atrasos ou alterações chegou a 64%, com tempo de espera chegando a até 28 dias. Já no complexo portuário do Rio de Janeiro, segundo maior em volume de exportação, 69% das embarcações sofreram alterações de escala, com intervalos de até 16 dias.
Os exportadores interessados em acessar os dados detalhados sobre os atrasos podem se inscrever no Boletim Detention Zero por meio do link: https://app.pipefy.com/public/form/-SYfpMNK. Após o cadastro, a ElloX Digital fornecerá as instruções para obtenção das informações diretamente com os terminais.
Fonte: Portal do Agronegócio
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