Publicado em: 29/10/2025 às 10:10hs
O abastecimento dos supermercados brasileiros apresentou melhora em setembro, segundo o Índice de Ruptura da Neogrid, que caiu para 11,9%, representando uma redução de 1,2 ponto percentual em relação a agosto. O indicador, que mede a ausência de produtos nas gôndolas, aponta uma recuperação no fornecimento de itens básicos da cesta do consumidor.
Entre as categorias com maior melhora, destacam-se arroz, feijão, café, azeite e ovos, que apresentaram queda nas taxas de ruptura. Em contrapartida, a cerveja foi a única categoria a registrar aumento na falta de produtos e nos preços no período.
De acordo com Robson Munhoz, Chief Relationship Strategist da Neogrid, a redução das rupturas indica um “ajuste positivo no abastecimento após meses de instabilidade”, embora o setor ainda enfrente pressões de custo e inflação.
Munhoz ressalta que, mesmo com leve recuperação nas vendas, o consumidor continua mais cauteloso e disposto a substituir marcas por opções mais baratas.
Uma pesquisa recente da Neogrid e Opinion Box (“Consumo em Tempos de Inflação e Repriorização”, 2025) confirma esse comportamento: 82% dos entrevistados afirmaram ter trocado produtos por alternativas de menor preço, motivados pela necessidade de economizar e pela resistência em pagar valores acima do habitual.
Enquanto o abastecimento de alimentos básicos melhorou, o setor de bebidas registrou piora. A ruptura da cerveja subiu de 12,1% para 12,8%, acompanhada por alta generalizada nos preços.
A alta reflete uma série de fatores produtivos e de consumo. Segundo o IBGE, a produção de bebidas alcoólicas caiu 11% em agosto, impactando o volume disponível nas cervejarias. Além disso, as baixas temperaturas no Sul e Sudeste — principais mercados consumidores — reduziram a demanda. Grandes indústrias também ajustaram seus estoques visando o aumento de consumo esperado para o fim do ano.
Outro ponto relevante é a chamada “crise do metanol”, que reduziu a confiança dos consumidores em destilados e incentivou a migração para a cerveja, considerada uma alternativa mais segura. De acordo com a Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes), bares e restaurantes em capitais como São Paulo e Belo Horizonte têm observado queda nas vendas de drinques e aumento no consumo de cerveja.
A falta do produto recuou de 8,9% para 7,1%, enquanto os preços subiram levemente:
O índice caiu de 8,4% para 6,4%, com aumento em todas as variedades:
O café apresentou redução de 9,6% para 7,9% na ruptura, mas preços em alta:
Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), o produto deve ter reajuste entre 10% e 15% a partir de outubro, impulsionado pela valorização do café verde na Bolsa de Nova York e pela tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre a commodity brasileira.
A ausência do produto nas gôndolas caiu de 9,7% para 8,7%, mas os preços seguiram em elevação:
A categoria teve a maior melhora no abastecimento, com queda de 23,0% para 20,4% na ruptura. Ainda assim, houve leve aumento de preços:
O cenário de setembro indica uma recuperação gradual no abastecimento do varejo, mas com pressão inflacionária persistente sobre os preços. Itens essenciais, embora mais disponíveis, continuam mais caros, o que reforça a tendência de substituição de marcas e maior busca por promoções entre os consumidores.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias