Publicado em: 17/07/2025 às 11:51hs
O Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) afirmou nesta quarta-feira (17) que não trabalha com a possibilidade de interrupção no fornecimento de café brasileiro para os Estados Unidos, mesmo após o anúncio do governo Trump sobre a aplicação de uma tarifa de 50% sobre o produto. Segundo a entidade, o ambiente atual é considerado “favorável” às negociações, dada a relevância da commodity brasileira para o mercado consumidor norte-americano.
Executivos do Cecafé destacaram, durante coletiva de imprensa, que as tratativas com entidades e autoridades norte-americanas já vinham sendo conduzidas há meses, especialmente após a imposição de uma tarifa anterior de 10% ao Brasil. Apesar do cenário ainda incerto, a entidade afirma que os diálogos estão avançando.
“A gente sente que o café está bem avançado nas discussões... No nível de secretariado, das várias áreas do comércio dos Estados Unidos, os diálogos são muito positivos”, afirmou Marcos Matos, CEO do Cecafé.
A estratégia do setor tem sido defender a inclusão do café em uma lista de exceções à nova tarifa, com apoio da Associação Nacional do Café (NCA) dos Estados Unidos.
“Existe um ambiente nos Estados Unidos favorável para o café, pelo que ele representa para a economia norte-americana”, acrescentou Márcio Ferreira, presidente do conselho deliberativo do Cecafé.
O Cecafé informou que, até o momento, não houve suspensão dos embarques de café para os EUA. No entanto, exportadores têm adotado cautela na formalização de novos contratos, aguardando mais clareza sobre o cenário.
“Comercialmente, a tensão está sendo muito menor do que parece”, afirmou Ferreira.
De acordo com reportagem da agência Reuters, operadores do mercado estão agilizando o envio de café brasileiro para os Estados Unidos antes da entrada em vigor da tarifa de 50%, prevista para 1º de agosto. Algumas cargas têm sido desviadas durante o trajeto para evitar paradas em outros portos, e estoques da commodity em países vizinhos estão sendo direcionados ao mercado norte-americano.
Mesmo com a taxação, o Cecafé não prevê perda de espaço do café brasileiro no mercado norte-americano, já que o nível de produção mundial está ajustado à demanda.
“Nem os Estados Unidos, nem outra origem, podem abrir mão do Brasil, ainda que tarifado”, reforçou Márcio Ferreira.
O executivo também destacou que o consumidor dos EUA está habituado ao blend que utiliza o café brasileiro, conhecido por oferecer corpo e doçura.
“Muitas vezes, é preferível pagar mais caro do que alterar uma fórmula de produto que funciona.”
O Brasil já vem atuando para ampliar seus mercados compradores de café, mas o redirecionamento de volumes não pode ser feito de forma imediata.
“A China, por exemplo, é um mercado com grande potencial de crescimento. Mas não conseguimos simplesmente virar a chave de um dia para o outro, principalmente tratando-se do maior consumidor mundial de café”, observou Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé.
Fonte: Portal do Agronegócio
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